Um caso de amor bordaliano apresentado numa gráfica caldense

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Gráfica Caldense
Mário Reis, Miguel Macedo, Isabel Castanheira e João Paulo Cotrim - Natacha Narciso

A história de amor até agora desconhecida entre Bordalo Pinheiro e uma artista italiana foi agora levada à estampa pela mulher que em Portugal mais sabe sobre aquele artista – Isabel Castanheira.
A apresentação do livro “Una piccola storia d’Amore” decorreu na tarde de domingo e teve lugar nas instalações da Gracal, por entre as antigas máquinas de impressão (e com os cheiros típicos da tinta e dos óleos) que ainda hoje continuam a imprimir obras como a agora apresentada.
O livro retrata o caso de amor entre Bordalo Pinheiro e a actriz de origem italiana, Maria Visconti, e conta com o design gráfico de Miguel Macedo, autor que já paginou o livro anterior da mesma autora, “Caldas de Bordalo”.

Trinta dos exemplares são acompanhados por um azulejo de Mário Reis, onde se encontra retratado um casal de gatos enamorados. O gosto pelos felinos é algo que liga a autora e o ceramista contemporâneo.
Isabel Castanheira diz que esta obra “é uma reportagem ilustrada sobre esta bela e infeliz mulher”, referindo-se à actriz italiana que chegou a Lisboa para trabalhar no Teatro da Trindade em 1881 e por quem Bordalo Pinheiro se apaixonou.
Casado com Elvira de Almeida desde 1866, Bordalo ainda viveu maritalmente com Maria Visconti em Paris, durante o período em que foi o responsável pela montagem do Pavilhão de Portugal na Exposição Universal em 1889. O caso de amor foi vivido até à morte de Maria Visconti em 1899, vítima de cancro.
Isabel Castanheira reúne nesta obra a sua pesquisa assim como documentação relativa ao caso amoroso, vivido pelos amantes em finais de oitocentos.
É conhecida a paixão de Isabel Castanheira pela obra de Bordalo Pinheiro, o que a leva com frequência a investigar no Museu Bordalo Pinheiro. Foi naquele espaço que encontrou documentação sobre a actriz italiana que até agora “tinha sido ignorada pelos historiadores”, referiu.
O designer Miguel Macedo deu a conhecer algumas especificidades relativas ao seu trabalho gráfico, como a decisão de não colocar Bordalo na capa, valorizando Maria Visconti, a amante desconhecida. O designer salientou que há muito que queria trabalhar com a Gracal e ainda sublinhou o facto de ser uma obra totalmente feita nas Caldas.
“Este foi o casamento perfeito”, disse Pedro Maia, sócio da Gracal, explicando que gostou de se aliar “à maior especialista em Bordalo que conhecemos”, assim como de ter trabalhado com Miguel Macedo, muito atento aos pormenores gráficos.
O editor da Abysmo, João Paulo Cotrim referiu o gosto em editar uma obra como esta, tendo afirmado que a autora e designer “já provaram que são uma dupla vencedora na concepção de livros (referindo-se ao Caldas de Bordalo)”. Além do mais, este tipo de obra é “insubstituível” dado que a experiência sensível que proporciona aos leitores “é impossível com qualquer e-book”