As falhas dos árbitros explicadas pelo caldense António Nobre

0
819
O professor Manuel Nunes, o organizador Afonso Pereira e o árbitro António Nobre | DR

Porque falham os árbitros era a pergunta que dava o mote à conferência que fez encher o auditório da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro no dia 6 de Fevereiro. O caldense António Nobre, árbitro da primeira liga, era o orador que toda a gente queria ouvir e o que suscitou mais perguntas da plateia.
Porque é que os árbitros falham? Primeiro, porque são humanos. Depois porque há vários factores que pesam na tomada de decisão, internos e externos. O cansaço, por exemplo, é um factor interno, mas o facto de ter um jogador à frente do lance é um factor externo. Ambos prejudicam a decisão e podem até conjugar-se numa mesma jogada.
O vídeo-árbitro foi o tema central da conversa, tendo António Nobre dado várias explicações, com exemplos práticos, que mostravam as dificuldades daquele trabalho. Os jovens quiseram saber em que situações pode o vídeo-árbitro intervir ou porque é que nalguns casos o árbitro recorre às imagens e noutras confia no que lhe dizem ao auricular.
O momento de espera para os adeptos entre a jogada e a tomada de decisão do vídeo-árbitro é de grande pressão para o árbitro, com os adeptos impacientes a chamar-lhes nomes e a atirar-lhes objectos, e o juiz a ter de manter a concentração e o foco nas imagens.

Auditório da Escola Rafael Bordalo Pinheiro encheu com vários adeptos do futebol | DR
Auditório da Escola Rafael Bordalo Pinheiro encheu com vários adeptos do futebol | DR

Outro factor a ter em conta é a diferença no número de câmaras de cada estádio. Em Portugal, por exemplo, há deles com cinco, mas nos clássicos estão 16 câmaras montadas. No estrangeiro, num amigável, há 36, o que significa 100 imagens por segundo.
A exposição mediática e as consequências da mesma, foi outro dos temas abordados por António Nobre, que prefere não ler os jornais desportivos.
A carreira até à Primeira Liga, que incluiu uma descida de divisão que o fez crescer, foi contada pelo próprio. A pressão a que um árbitro de topo está sujeito é idêntica à dos jogadores e acresce que ninguém o apoia.
Rui Matos, director do IP Leiria, falou sobre a percepção e a visão periférica, que é a capacidade de perceber o que se passa fora do foco de visão. Na mesa esteve ainda Manuel Nunes, professor naquela escola e presidente da AF Leiria.
Esta iniciativa foi a Prova de Aptidão Profissional de Afonso Pereira, que é finalista do curso profissional de Técnico de Apoio à Gestão Desportiva daquela escola. Sendo ele um jogador de futebol, e notando que “é recorrente os árbitros serem alvos de culpabilização após alguns resultados menos bons por parte das equipas”, decidiu organizar esta palestra.
“Considero este tema intemporal e de crescente relevância, porque os árbitros são uma parte crucial e transversal a todos os jogos de futebol, o nosso desporto-rei”, realçou o jovem.
Na plateia estiveram representantes do mundo do futebol, como Júlio Vieira, director da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Mateus, observador dos árbitros da Liga Profissional de Futebol e de vários dirigentes, treinadores e jogadores de clubes da região, além de árbitros e adeptos de futebol.