Motociclismo: Sara Ferreira é uma mulher todo-o-terreno no mundo das motos

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As motos, o todo-o-terreno e a competição fazem parte da vida de Sara Ferreira

Nascida no meio das motos, chegou a competir como piloto nas provas nacionais (vertente que colocou em pausa) e hoje apoia a Benimoto Racing

Sara Ferreira, 37 anos, é uma mulher multifacetada no mundo das motos. Trabalha na Benimoto, empresa fundada pelos pais cerca de um ano antes de nascer, está ligada à equipa de competição da empresa, que compete nas provas nacionais e em algumas internacionais, e também é piloto.
Ter crescido no meio das motos contribuiu de forma crucial para que Sara Ferreira tenha ganho um gosto especial por estes veículos. “A Benimoto é a empresa dos meus pais, que a fundaram há38 anos, portanto, cresci no meio das motas, desde sempre”, conta. Aos 3 anos de idade teve a primeira moto, “uma moto 4 pequenina, e o gosto começa logo a partir daí”, recorda.
Com as motos, veio o espírito aventureiro e o gosto particular pelo todo-o-terreno. “Aos 13 anos já andava com uma Kawazaki KX 125 e, a partir daí quis sempre mais”, continua. Da KX 125, passou para as motos de trail, com a Tenere 700, “uma moto que é das mais vendidas em Portugal e no mundo, que faz estrada e fora de estrada”, explica.
Até esta fase, o gosto pelo todo-o-terreno nas duas rodas levava-a, sobretudo, para passeios. Até que o apelo da competição chegou já mais recentemente, com os SSV’s (Side by Side), os chamados “buggies”. E chegou por via do trabalho. Não é só a conduzir que Sara Ferreira é uma mulher todo-o-terreno. “Na Benimoto acabo por fazer um pouco de tudo, a parte da comunicação, vendas, contato com fornecedores…”, enumera. “A Benimoto começou a vender SSV’s, eu experimentei, adorei, é uma adrenalina muito parecida às motas de duas rodas, e a competição começou a partir daí”, conta.
Com a Benimoto Racing, a equipa da empresa, entrou nos dois campeonatos nacionais de todo-o-terreno, um organizado pela Federação de Motociclismo de Portugal, exclusiva a motos, mas que incluiu os SSVs, e outro pela Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting, exclusiva a automóveis, mas que também abarca os SSVs. “Venci a categoria Senhoras, também só estávamos duas, mas consegui andar entre os homens”, sublinha.
Essa competitividade trouxe-lhe respeito. “Sinto que há cada vez menos essa distinção. As mulheres também podem ser competitivas ao ponto de lutarem por lugares de pódio”, acredita.
Entretanto, Sara Ferreira foi mãe há pouco mais de dois anos, e colocou a vertente de piloto em modo de pausa. Fê-lo por decisão própria. “A mulher tem o papel da maternidade, que é diferente da paternidade e nos traz certas “imposições”, porque, como mãe, sinto-me responsável por estar mais presente”, considera. Mas, e apesar de não o ter sentido no seio familiar, também sente que a sociedade ainda olha de lado para as mulheres nesta questão. “Acho que ainda nos apontam um pouco o dedo, não só por este papel de ser mãe, mas também depois ainda há aquela crítica de: “mas ela tem um filho e vai andar de moto”…”, afirma.
A maternidade tirou-a das pistas, mas não da competição. “Trato de tudo o que são inscrições de provas, a comunicação com os pilotos. Acabo por estar neste que é ainda um mundo de homens”, conta. E voltar a competir é um desejo, quem sabe até para fazer uma grande prova internacional. Sente que, fisicamente, pode fazer um Dakar, mas é o Rally dos Sertões, organizado no Brasil mas que percorre as Américas, que mais a chama, pela beleza natural do percurso. ■