Documentos, fotos, cartazes, modelos à escala, equipamentos
e filmes que ilustram a luta em defesa da Linha do Oeste podem ser apreciados no Museu do Ciclismo, até 8 de Março

Minutos depois de a exposição ter sido inaugurada, eis que surge Bordalo Pinheiro, utilizador da Linha do Oeste em finais do século XIX e grande entusiasta da ferrovia. E, se o artista (interpretado por José Ramalho) enalteceu as virtudes da então nova linha férrea que prometia desenvolvimento à região, o representante da Comissão de Defesa da Linha do Oeste, José Rui Raposo, deu conta do fraco investimento que esta tem recebido nos últimos anos. Entre os motivos de “luta” estão a modernização da linha, melhor material circulante, maior conforto para os passageiros e informação automatizada da partida e chegada dos comboios. O trabalho desenvolvido pela comissão está também patente nas paredes do museu, com exemplos de acções a nivel institucional, mas também de intervenções na rua e nas estações. “O momento mais alto aconteceu em 2018 com a manifestação que fizemos em Lisboa junto ao ministério das Infraestruturas”, lembrou Rui Raposo, destacando que se estava num ponto “extremamente crítico” do funcionamento da linha, em que o material circulante estava num ponto de exaustão que havia mais autocarros a transportar passageiros do que comboios.  A denúncia destas situações levaram as entidades governamentais e a própria CP a tomar medidas de emergência para travar o processo de degradação. No entanto, Rui Raposo entende que as medidas adoptadas não são as mais eficazes, tendo em conta que o material que veio para a Linha do Oeste foi retirado a outras linhas. “Alguém ficou a sofrer com o facto de nesta zona se calarem as vozes para haver comboios”, realçou. O responsável alertou ainda para o facto de os comboios não serem novos e deu como exemplo as unidades triplas amarelas, conhecidas por “camelos”, que estão actualmente a circular na Linha do Oeste, “alugadas a Espanha através de contratos leoninos”.  Entre as preocupações actuais da Comissão estão a execução do plano de electrificação entre Meleças e Torres Vedras, que está atrasado, a abertura do concurso para o segundo troço, entre Torres Vedras e as Caldas da Rainha, e a concretização do plano de electrificação do troço entre as Caldas e o Louriçal (Pombal). Durante a inauguração foi apresentado o documentário “Linhas que nos unem” e, no dia 7 de Março, pelas 15h00, decorrerá o debate “Linha do Oeste: Que futuro?”