Cerâmicas São Bernardo procuram investidor

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Algumas das peças produzidas na fábrica alcobacense

O administrador de insolvência da empresa alcobacense Cerâmicas de São Bernardo, Carlos Maia Pinto, viu o seu pedido de mais tempo para procurar um investidor ser aprovado pelos credores da empresa. O pedido tinha sido feito em tribunal, depois de a empresa ter funcionado nos dois últimos anos de acordo com um plano de reestruturação, sem criar mais dívida e sem quaisquer apoios.
Em declarações ao Jornal de Leiria, Carlos Maia Pinto diz que apesar do bom desempenho dos dois últimos anos a empresa “não conseguiu libertar meios para pagar aos credores”, como tinha sido acordado, o que se justifica pelo aumento dos custos de energia e o agravamento da conjuntura económica internacional. Daí o pedido de mais tempo para procurar capitalizar a empresa, comprometendo-se a “fazer todo o possível para encontrar quem compre a empresa com garantia de continuidade da laboração e dos postos de trabalho”.
Ao jornal leiriense o administrador de insolvência diz-se convicto de que a empresa tem viabilidade, acreditando sobretudo no potencial de produtos “de alto valor criativo, que podem ser vendidos a clientes dispostos a pagar”.Uma opinião partilhada por Manuel da Bernarda, o fundador da empresa, que em Junho de 2011 garantia à Gazeta das Caldas que “a única maneira” de sobreviver seria continuar a apostar no design e nas peças de autor, bem como apostar nas “peças de cerâmica para casa que tenham algum valor afectivo e que a pessoa tenha como uma peça especial, que teve o gosto de escolher”, recuperando o lado afectivo das peças que se foi perdendo, sobretudo pela juventude.
Fundada em 1981, a Cerâmicas de São Bernardo pediu a insolvência em 2009. “Pela primeira vez, na semana em que se pagavam os salários, não conseguimos pagar. E isto porque um dos bancos exigiu que pagássemos, em seis meses, 60 mil contos à banca”, contava no ano passado Manuel da Bernarda ao nosso jornal. A decisão imediata foi avançar com o processo de insolvência da empresa  o que permitiu a renegociação da dívida e a redução do número de trabalhadores, de 150 para 30, número que se mantém actualmente.
A Cerâmicas São Bernardo nunca parou de laborar e apesar de ter deixado de pertencer à família Bernarda, o seu fundador continuou a orientar a equipa de design.

Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt