Feira do Gado da Benedita sem recomeço à vista

A Feira do Gado da Benedita, que se realizava ao dia 6 de cada mês, foi suspensa em Novembro do ano passado por causa das obras do Centro Escolar daquela freguesia, que está no terreno onde decorria o mercado há cerca de oito anos. Na altura, o anunciado foi que a interrupção não se deveria prolongar durante mais de dois meses, mas o certo é que mais um ano depois ainda não há feira para ninguém.
Remontando a 1906, a Feira do Gado da Benedita juntava mensalmente centenas de vendedores e compradores vindos de vários pontos do país, que procuravam animais de qualidade. A presidente da Junta de Freguesia da Benedita, Maria José Filipe, estima que por ali passassem uma média mensal de mais de uma centena de cavalos, outras tantas ovelhas e cerca de 350 bovinos.
A construção do Centro Escolar na Avenida Padre Inácio Antunes, no terreno onde os equipamentos da Feira do Gado se encontravam desde 2001 e onde decorria nesse dia o mercado mensal da vila, obrigou à mudança da feira para um terreno adquirido pela Câmara de Alcobaça no local de Arrochata, junto ao IC2. Este terreno, com cerca de três hectares custou 1,4 milhões de euros, onde já deveria estar construída, por esta altura, uma “feira com todas as condições, com recinto coberto, picadeiro” e com um gabinete de veterinária. Era o que afirmava no final do ano passado Maria José Filipe, que se dizia “muito optimista com o projecto da nova feira”.
Hoje, o optimista da autarca não é o mesmo. “A Junta está muito preocupada, bem como os criadores de gado”, diz Maria José, que não tem qualquer informação sobre quando o equipamento estará de pé. À autarca têm chegado várias queixas por parte dos criadores, que ficaram sem a única feira de gado que se realizava na região. “É uma perda grande tanto ao nível dos comerciantes de gado, porque não têm como escoar os animais, tanto para a freguesia porque era uma feira muito antiga”, diz a presidente da Junta. E a perda não é tanto “pelo que a feira rendia à freguesia, porque não rendia muto. Mas aqui reuniam-se cerca de três dezenas de criadores de todo o país”, tendo o mercado chegado a realizar-se duas vezes por mês.
José Vinagre, antigo presidente da Junta da Benedita e actual vereador na Câmara Municipal de Alcobaça, diz que “a Feira do Gado atrasou mais porque estávamos a aguardar a legalização do espaço”, que depende da CCDR. Mas garante que há uma equipa multifuncional com técnicos da autarquia e da Junta de Freguesia a trabalhar no projecto da nova feira e a enquadrá-la no terreno que responde aos requisitos do Ministério da Agricultura: que a feira fosse feita “num local acessível e fora do perímetro urbano da vila”.
O projecto inicial para a feira esbarrou nalguns entraves por parte da CCDR, porque parte do terreno se encontrava em Reserva Ecológica Nacional. “Depois de sucessivas reuniões conseguimos ter uma certa abertura e agora estamos de volta ao projecto”, que será candidatado ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) até ao final de Janeiro.
José Vinagre diz que a empreitada, pode ultrapassar os 100 mil euros e que em tempos de contenção o financiamento comunitário é crucial. “Se a candidatura for aprovada, faremos uma feira com todas as qualidades. Se não for contemplada terá que ser encontrada uma solução”, que poderá passar pela atribuição de um subsídio à Junta de Freguesia, o que já aconteceu com o equipamento anterior. O vereador recusa-se a apontar uma data para o início das obras ou para a resolução da situação.

Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt