Intervenção de Ferreira da Silva inaugurada na véspera de Natal

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A intervenção artística na passagem desnivelada do largo da Vacuum, da autoria de Ferreira da Silva foi inaugurada na véspera de Natal.  O artista contou com a presença de familiares, amigos e autarcas que apreciaram os mil metros quadrados de intervenção onde é contado, com elementos cerâmicos, um pouco do mito de “Orfeu e Eurídice”.
A obra custou no total 50 mil euros  sendo constituída por 3750 azulejos, 1200 pratos e ainda 120 peças de cerâmica em baixo relevo, produzidas nas Caldas da Rainha, que agora valorizam toda aquela zona da cidade.

Na inauguração da obra, juntaram-se amigos, familiares e autarcas

Ao todo, a intervenção de “Orfeu e Eurídice” tem mil metros quadrados de azulejos, pratos e peças cerâmicas que decoram as duas paredes que ladeiam a passagem inferior ao caminho-de-ferro, junto ao Largo da Vaccum. A intervenção, estimada em cerca de 50 mil euros, custou à autarquia 24 mil euros em materiais cerâmicos (3750 azulejos, 1200 pratos e 120 peças diversas), mais de três mil euros em cimentos, colas, corantes e verniz anti-graffitie e ainda 15 mil euros em custos com a mão-de-obra. Isto além do pagamento anual de 30 mil euros que Fernando Costa garantiu que está a ser feito ao artista “há já três anos”.
O autarca que apelidou Ferreira da Silva como “o nosso Gaudi” afirmou que Ferreira da Silva está praticamente “a tempo inteiro a trabalhar para projectos municipais – sejam de interior ou de exterior, seja para um futuro em museu, seja para serem vendidas posteriormente pela Câmara”.
Além do mais  e apesar de conhecer a aversão do artista a museus fechados e da sua preferência por trabalhos de arte pública, Fernando Costa anunciou que a Casa-Museu, que lhe será dedicada, terá início em 2011. “É necessário um espaço para albergar as obras de arte de Ferreira da Silva”, disse o edil que ainda acrescentou que o mestre ceramista tem contribuído com vários trabalhos seus –  desde esculturas a desenhos –  que estavam na sua posse e que o artista os “está a transferir para o município”.
A intervenção de arte pública dedicada ao mito de “Orfeu e Eurídice” tinha prevista uma intervenção na rotunda do Largo da Vacuum “mas por agora não vai avançar”, disse o autarca sem querer dar  mais explicações. Ainda questionado sobre outras alíneas do protocolo que foi estabelecido entre a Câmara e o artista em 2009 e que previa a assinatura de um protocolo com o IPL para o estudo e inventariação da obra deste autor (com  uma edição de um catálogo anual previsto), o edil comentou apenas que eram decisões que “não dizem respeito apenas à Câmara e por isso para já não posso responder mais nada”.
Ferreira da Silva estava satisfeito com a inauguração desta sua obra de arte pública que demorou seis meses a concluir. Salientou o papel das Faianças Molde na execução das peças de cerâmica e junto a Joaquim Beato, responsável daquela unidade industrial,  houve promessas de prosseguir com os trabalhos em parceira.
Os dois presidentes das juntas de freguesia urbanas, Vasco Oliveira e Abílio Camacho, louvaram esta intervenção até porque valoriza aquela zona e acaba por promover a união entre as duas freguesias. Esta ligação era uma reivindicação de ambas as freguesias desde 2001. Vasco de Oliveira aproveitou a ocasião para pedir passagens superiores para os peões noutras zonas que permitam unir ainda mais N. Sra. Populo e Sto. Onofre.

Obra de Ferreira da Silva tem fãs entre os familiares

“Ainda não tive tempo para ver ao pormenor mas creio que é uma intervenção no seguimento de outras obras de arte pública do meu pai, que  é sinónimo da inspiração e do seu espírito jovem”. Palavras de Rui Ferreira da Silva , o filho mais velho do artista, que ainda acrescentou que a intervenção “é uma peça interessante que valoriza esta zona  que penso que bem merecia um apontamento artístico para a valorizar”.
Filipa Ferreira da Silva, tem 23 anos,  é arquitecta e neta do autor. “Gosto imenso e sinto uma enorme ligação às obras do meu avô pois ele consegue conferir tridimensionalidade a um suporte bidimensional”. Acha que esta obra sobre o mito de Orfeu e Eurídice  “interage connosco e faz-nos olhar para os lados em vez de olhar sempre em frente”. Gosta especialmente das instalações ao ar livre do avô e destacou a feliz conjugação que o avô consegue com os diferentes materiais como quando une a   cerâmica com o metal. A neta vive em Lisboa mas “tentamos manter uma ligação”.
Sofia Ferreira da Silva, 18 anos, é a filha mais nova do artista. Tem acompanhado vários dos seus trabalhos e de como “Orfeu e Eurídice” se foi desenvolvendo ao longo do último meio ano.  “Acompanhei de perto esta última obra do meu pai, sempre muito atarefado e com mil ideias na cabeça”, disse a jovem que aprecia bastante a obra paterna e que está contente com o facto da maioria  da população estar satisfeita com este trabalho. Entre as  suas obras  favoritas está a intervenção no hospital no Jardim das Águas, que ainda não está concluída. “Sou a sua fã número 1”, rematou Sofia Ferreira da Silva.

Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt

1 COMENTÁRIO

  1. é preciso ter lata!!! não aumenta de ordenado dos funcionários e dá 30 mil euros por ano a este artista que já é reformado e recebeu milhares do hospital numa obra inacabada e que não serve para nada.
    e os trabalhadores da câmara??? não tem direito ao aumento de escalão e melhores condições???
    este presidente está à tempo demais no poder!!! são sempre os amigos e os mesmos a comerem!!!
    Até nesta coisa das obras é tendencioso. há mais artistas na cidade, alguns até a passar fome e depois esbanja dinheiro com este, dando-lhe até um museu, sinceramente…..