Refletir sobre o atual conceito de Formação Profissional

0
557

Nos primeiros anos da “formação profissional” em Portugal e perante a forma como por vezes foi desvirtuada, porque, em alguns casos, foi dado uso indevido aos recursos financeiros que a ela eram destinados, instalou-se um estigma que, em certa medida, perdura e leva a que a “formação”, nem sempre seja encarada com a seriedade e a importância de que se reveste, para as pessoas, para as organizações/ empresas e para todo o país. Há que reconhecer que os tempos mudaram muito, nada é como foi e os apertados mecanismos de controlo em vigor, não permitem os abusos e desvios conhecidos naquela época.
Este é o tempo em que a “formação” faz a diferença no desempenho de um profissional, com diretos e óbvios efeitos nos resultados das organizações empresariais ou outras. Os meios tecnológicos, ou as técnicas de “marketing”, de publicidade e comunicação, estão aí em especialistas ou na internet, em igualdade de circunstâncias para todas as organizações, à distância de um ”click” e em poucos minutos.

O fator que determina a diferença no sucesso das empresas e as distingue umas das outras, pela maior ou menor capacitação, está nas PESSOAS, o ativo mais importante de qualquer organização empresarial. E a formação, não contribui apenas para desenvolver competências profissionais, mas abrange fatores tão importantes como o desenvolvimento humano e as relações interpessoais. A formação é cada vez mais determinante na preparação de uma empresa para a competitividade e, nos tempos que correm, uma empresa ser competitiva é elementar para alcançar o sucesso. E é através das empresas e outras organizações, que a formação se torna decisiva para o desenvolvimento do país.
Além da valorização profissional propriamente dita, a “formação” influencia o dinamismo e a vertente inovadora, aumenta as capacidades e a autoestima e é pilar fundamental do “know- how” das empresas e da sua capacidade concorrencial.
Os mecanismos de controlo pelas entidades reguladoras, a que atrás nos referimos, não só permitem, como obrigam a uma avaliação permanente dos processos e metodologias aplicadas na formação, como avaliam em distintos momentos e patamares, as organizações promotoras, formadores e formandos, com resultados mensuráveis, permitindo, a partir do cruzamento dessas avaliações, obter resultados concretos.
Importa aqui fazer a distinção entre o “ensino profissional”, que tem como objetivo uma habilitação escolar, para o exercício de uma profissão e a “formação profissional”, de que estamos a falar, que nunca está terminada e visa uma preparação sistemática ao longo do tempo, permitindo a atualização permanente, exigível em qualquer profissão no mundo da globalização em que estamos inseridos, em constante mutação.
Pela importância de que se reveste, a “formação” é transversal a todas as áreas de atividade e não específica de uma ou outra. O patamar de desenvolvimento das organizações está cada vez mais associado aos níveis de “formação” dos seus intervenientes.
A aposta na formação e a avaliação da capacitação pessoal e profissional das pessoas e o impacto nas organizações empresariais e outras, já não é o futuro, é sim o imperativo presente.

Rui Gonçalves
Arquitecto