Quo Vadis… Caldas?|Qual Linha do Oeste?

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RuiGoncalves

O transporte ferroviário, é considerado um dos mais seguros meios de transporte, mas distingue-o também, o facto de ser menos poluente, circular em via própria, ter elevada capacidade de carga, muito reduzida sinistralidade, baixo consumo de energia e é um meio de transporte regular e confortável.

Mas sendo como somos, um país com enorme crescimento turístico e sabendo-se que este meio de transporte é dos mais utilizados por toda a europa, este é outro e importante motivo de incentivo a uma mudança de mentalidade e de cultura de transportes.
Por outro lado e também no que respeita a mercadorias, o transporte ferroviário pode ser um meio privilegiado, tanto em custo, como em facilidade logística.
Estes, são motivos importantes e suficientes para que o Plano Estratégico de Transportes privilegie o transporte ferroviário, porque ele é estratégico para a região.
A “Linha do Oeste”, em condições de modernidade funcional, é fundamental para o desenvolvimento económico e social do território que deveria servir e não serve.
E não serve, apenas como um exemplo, porque se uma viagem entre Caldas da Rainha e Lisboa (Entrecampos), demora 2 horas e em transporte público rodoviário demora 1H10m, ninguém tem dúvidas sobre que transporte deve utilizar, tendo como agravante, o facto de o preço ser exatamente o mesmo.
A decisão governamental, de electrificar e modernizar apenas o “troço” entre Caldas da Rainha e Meleças, pouco contribui para que o transporte ferroviário se afirme como uma verdadeira alternativa ao rodoviário. Obviamente é o que se pretende. O pouco tempo de viagem, que eventualmente venha a reduzir no percurso electrificado até Caldas da Rainha, é anulado ou mesmo ultrapassado, com a inevitável mudança de comboio, para quem quiser continuar a viagem para norte, ou vice-versa.
É portanto uma falsa alternativa, não rentabiliza o investimento e quem decidiu sabia isso e como tal, além do retorno duvidoso, não se constitui como uma alavanca de modernidade.
Obviamente, a solução passa pela electrificação e modernização da totalidade da “Linha do Oeste”, até ao Louriçal e a ligação a Coimbra, sempre considerando passageiros e mercadorias.
Por outro lado, para uma “linha” efectivamente competitiva e rentável, é elementar que a criação de um “troço” de desvio a passar por Loures, directamente para Lisboa, seja igualmente previsto.
São públicas as diversas iniciativas da Comissão que existe há alguns anos em defesa da Linha do Oeste e também algumas iniciativas partidárias, embora esta questão se revista de carácter supra partidário, dada a aparente consensualidade em torno de uma “Linha do Oeste”, moderna, rentável e ao serviço do desenvolvimento económico e social.
No entanto, vivemos de factos e realidades. E a realidade é que este processo faz sempre de conta que avança, mas nunca avança. Foi assim com o anterior governo e é assim com este governo.
Também sabemos que o “lobby” dos transportes rodoviários, é poderoso e tem os seus tentáculos monitorizados, instalados em gabinetes de decisão, deste e do anterior governo. Neste processo não há virgens ingénuas.
O que há é uma atitude estranha, ou talvez não, de displicente apatia de alguns órgãos locais e regionais perante esta questão. Das Câmaras Municipais dos concelhos interessados e do seu conjunto, no âmbito da CIMOeste, não se notam sinais enérgicos, de quem está realmente interessado em resolver de facto esta questão, qual massa inerte que se limita a vegetar.
Apenas porque não têm para dar mais do que têm dado, por subserviência partidária face aos governos, a este e ao anterior, ou porque se deixaram também manietar pelos tentáculos do tal “lobby” dos transportes rodoviários. Haja atitude.