Encontra-se a decorrer até domingo, 7 de Agosto, o 33º Festival do Vinho Português e 23ª Feira da Pêra da Rocha do Bombarral, com a participação de cerca de uma centena de expositores e um vasto progama de animação que inclui uma actuação de Herman José.
Com o atraso na colheita de pêra Rocha, há pouco deste fruto para mostrar, pelo que o evento está mais centrado nos vinhos, que têm representações de todo o país.
A inauguração do certame decorreu no passado dia 2 de Agosto, com a presença do secretário de Estado das Autarquias Locais, Carlos Miguel, que destacou o trabalho de qualidade que tem vindo a ser feito pelos produtores da região.
O governante prometeu uma maior agilização dos procedimentos para obtenção de apoios comunitários e defendeu uma maior ligação dos municípios sob o chapéu da comunidade intermunicipal, assim como uma maior interacção entre os centros de ciência e universidades e a produção.
Um moscatel de Setúbal no stand da Adega de Pegões foi a primeira prova do secretário de Estado das Autarquias Locais, Carlos Miguel. Seguiu-se um branco leve Sotal da Companhia Agrícola do Sanguinhal e assim por diante, por vários stands representantes de todo o país, que fizeram questão de dar a provar os seus néctares ao governante e respectiva comitiva.
Como este ano a produção da pêra Rocha está atrasada, a única fruta que provou, foi a desidratada no stand da Frutaformas. A visita, que demorou perto de duas horas, incluiu uma passagem pelos cerca de 100 expositores, grande parte deles de vinho e pêra Rocha, mas também representativos de outras actividades económicas do concelho. Também não faltam os restaurantes com comida típica e, este ano, como novidade, as carrinhas de street food.
Depois de visitar o certame, o secretário de Estado das Autarquias Locais e ex-presidente da Câmara de Torres Vedras, Carlos Miguel, destacou o crescimento que se tem verificado nos sectores do vinho e da fruticultura, facto que se deve ao trabalho dos produtores da região. “Em termos de vinho nunca tivemos tanta extensão de plantio e investimento em adegas como agora e em relação à pêra Rocha já foi escoada toda a produção do ano passado”, disse.
O governo quer estar ao lado dos produtores, manifestando a sua colaboração na agilização de procedimentos de forma a que os recursos cheguem de forma mais célere. Defendeu também a aposta que o Oeste deve fazer no desenvolvimento dos seus produtos endógenos, nomeadamente os produtos frutícolas e hortícolas, a vinha e o vinho, e que neste campo as comunidades intermunicipais têm um papel importante.
“Hoje estamos juntos, mas podemos ainda colar melhor as partes e ter uma maior evidencia”, disse, referindo-se aos 12 municípios oestinos.
Por outro lado, deve haver, no seu entender, uma maior ligação entre os centros de ciência e universidades e a produção.
O presidente da Câmara do Bombarral, José Manuel Vieira, enalteceu o trabalho dos empresários do concelho que têm vindo a rentabilizar o sector do vinho e a fileira da pêra Rocha, contribuindo para o desenvolvimento da economia e para a redução do desemprego. O autarca pediu ao governo para olhar para o esforço que está a ser feito nestas áreas e pediu prioridade em termos de investimento e menos burocracia, sobretudo no que toca ao Portugal 2020.
Primeiro o copo depois as provas
Este festival pretende divulgar e promover o que de melhor se faz ao nível dos vinhos e mostrar que esta região, integrada nos Vinhos de Lisboa, apresenta produtos de muita qualidade. Uma das suas características é a localização, numa mata centenária, e a particularidade dos visitantes, com a aquisição de um copo à entrada (por 2,50 euros) poderem provar vinho em qualquer um dos stands. “Não lhe pode ser recusada a prova desde que apresente o copo, e isso em poucos eventos acontece”, revela Miguel Móteo, enólogo e um dos membros da organização do evento.
O responsável destaca que esta é uma forma de mostrar que há vinho de qualidade na região e acentuar que o “mito” que associa a vinhos de menor qualidade é passado. “Algumas das empresas que mais prémios vencem, a nível internacional, estão nesta região que compreende a faixa atlântica entre Lisboa e Leiria”, explicou.
Miguel Móteo considera que a região tem ganho com as alterações climáticas porque o aumento da temperatura média melhora a qualidade do vinho. Segundo este técnico, regiões como o Oeste, Bairrada e Minho, por serem regiões atlânticas, irão beneficiar destas alterações climáticas porque são zonas relativamente frescas.
Cada português bebe 45 litros de vinho por ano
Os estudos demonstram que não tem havido um aumento do consumo (cada português consome desde há uma década 45 litros de vinho por ano), mas tem sido preferido o vinho certificado em relação ao de mesa.
“Tem subido muitíssimo a venda de vinhos certificados da nossa região em restaurantes”, disse Vasco Avilez, presidente da comissão vitivinícola de Lisboa que, contudo, considera que é preciso fazer mais porque os consumidores estão ainda muito fixados no Douro e Alentejo. “Nós também temos vinhos muito bons e o binómio preço qualidade é melhor nos nossos do que nos outros”, conclui.
Este ano poucas foram as pêras vistas no certame, dado que a sua produção está atrasada e a colheita prevista apenas para finais de Agosto ou mesmo inícios de Setembro. Isto acontece devido ao Inverno muito prolongado deste ano e à Primavera incerta, com frio e chuva, que fez com que o vingamento dos frutos se desse num período mais alargado.
Este continua a ser um ano de pouca produção, com a Associação Nacional de Produtores e Pêra Rocha (ANP) a estimar que esta se situe nas 125 mil toneladas, mais 10% que no ano passado. A produção normal da pêra Rocha situa-se entre as 210 e as 220 mil toneladas.
Esta situação preocupa os produtores porque a despesa feita com a cultura é igual e a única diferença é que se colhem menos frutos. “Vai-nos ficar uma produção mais cara por quilo”, disse o presidente da ANP, Aristides Sécio, acrescentando que esta falta de oferta se deverá traduzir numa melhoria dos preços. Estes já melhoraram na campanha passada, em que houve uma quebra considerável de produção, passando de 20 cêntimos por quilo pago ao produtor em 2014 para 40 cêntimos em 2015.
O responsável vê com alguma apreensão as alterações climáticas, mas entende que se estas se processarem de forma gradual, conseguem adaptar-se e criar soluções.
“Será descentralizado tudo aquilo que os municípios estejam dispostos a receber”
O governo pretende descentralizar e passar para o âmbito regional e local diversos serviços que até agora tinha na sua esfera. “Será descentralizado tudo aquilo que os municípios estejam dispostos a receber”, disse o secretário de Estado das Autarquias Locais, Carlos Miguel, acrescentando que a dificuldade será em dividir proporcionalmente aquilo que o governo está aberto a descentralizar e negociar o pacote financeiro associado.
O objectivo é tornar as coisas mais eficientes, próximas das pessoas e controladas, acrescentou o governante que tem uma larga experiência autárquica.
Carlos Miguel lembrou, no entanto, que estão ainda no início do processo, que teve uma aprovação genérica em Conselho de Ministros e que precisa agora de ser concertado com todos os parceiros.
A educação será uma das áreas a descentralizar. O currículo e a politica de colocação de professores continuará na esfera do Estado, mas tudo o resto poderá ser tratado a nível local, como é o caso da contratação dos funcionários, serviços de transporte e alimentação, manutenção dos edifícios e espaços exteriores.
O mesmo acontecerá na saúde em que a administração central assegurará a gestão dos hospitais e a contratação dos médicos e enfermeiros nos centros de saúde. Já o resto do pessoal que trabalha nestes centros, assim como a manutenção dos edifícios e arranjos exteriores poderão passar para as autarquias.
Aos municípios poderá também passar a responsabilidade pelos licenciamentos na orla marítima.
“Com esta proximidade o sistema será muito melhor controlado e mais eficaz, chegando a mais famílias”, acredita Carlos Miguel.
Os acordos com os parceiros deverão ser efectuados até ao final ao ano, de forma a que o processo legislativo possa ser aprovado no primeiro semestre de 2017 e que aquando das eleições autárquicas, os autarcas saibam quais as suas competências e o respectivo pacote financeiro.
Animação na mata e no Palácio do Gorjão
Hoje às 20h00 realiza-se o jantar da Pêra Rocha e do vinho nos claustros do Palácio do Gorjão, seguido de homenagem aos produtores e entrega dos prémios do concurso de vinhos.
A partir das 21h30 os chefs Samuel Sousa e Maria Emilia Rhodes Morgado vão fazer um showcooking e às 23h00 Herman José sobe ao palco principal. Amanhã, realiza-se a 3ª edição do curso de provas de vinho, seguido da arruada com o Grupo Coral Alentejano “Os Vindimadores da Vidigueira”. Às 18h30 há uma aula de bodycombat na área do artesanato. A partir das 21h30 há showcooking com o chef Paulo Santos. Às 22h00 o cantor Filipe Gonçalves anima o serão, que termina com a VI 80’s Wine & Pear Party nos Claustros do Palácio do Gorjão.
Para domingo está prevista a II Volta do Vinho e da Pêra Rocha e a corrida de Galgos (Campeonato Regional Centro) na pista do Bombarral. Pelas 16h30 haverá animação de rua com o Grupo de Tocadores de Concertina e Cantigas Regionais Foz do Lima – Viana do Castelo e o grupo Rufos & Roncos. Os mesmos grupos actuam às 21h30 na Mata.
Às 17h00 há uma prova gratuita de pastéis de nata de pêra Rocha, acompanhados de sumo de pêra Rocha. Pelas 21h30 há showcooking com o chef Ramiro Ferreira. I.V.