O animalismo, trevas e a ignorância

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“As sociedades protectoras de animais quadrúpedes e bípedes têm-se esforçado por negar à vida a legítima afirmação das suas leis profundas. O instinto, porém, protesta ainda. E homens e bichos, irmanados no mesmo ardor que ele desperta, encontram-se nos terreiros que o sol da razão não ilumina.
Ora, é no Ribatejo o sítio do mundo onde esse embate é mais belo e natural”
Miguel Torga

 

Num belo capítulo da sua viagem por Portugal Miguel Torga, com o estilo recheado de imagens que o caracteriza, defende o cavalo e o toiro. E claro a lide, que os justifica.
Gente sem cultura e sem compreensão da história e da natureza que construímos, mas com muita confusão mental tem, usando métodos execráveis e atentórios do direito, tem procurado com base em estribilhos fáceis mas falsos, como o que é chamado a título da 1º página da Gazeta da semana passada “A tourada é um espectáculo medieval de tortura” (as toiradas remontam a tempos pré-históricos, com outro perfil desde logo, e para haver tortura tem que haver torturado e ainda hoje o fim da toirada em muitos locais é a alimentação, do toiro claro, que sem elas não existiria, e dos que o comem depois desta), tem procurado impor uma fé. A fé animalista.
A toirada já foi um momento de religiosidade e de adoração divina. Hoje é um momento de arte e requinte dessa. Nem sempre é certo.
Mas não é certamente um momento de sadismo, de tortura ou de devassidão.
Os toiros para serem apurados no campo são picados e na arena são adversários respeitados e por vezes até são protegidos para reprodução.
Mas contra a brutidade dos animalistas temos que recuperar uma história que Brecht difundio ”vieram prender os comunistas e não protestei, não era comunista, depois vieram pelos judeus, e eu igual, a seguir vieram pelos cristãos e eu também não o era, e quando vieram por mim… pois já não havia ninguém para protestar…”
Contra a intolerância pela defesa da cultura, do ambiente e da ruralidade e também lamentando que a Gazeta tenha dado honra de 1ª página a uma opinião, sem cultura nem sentido.
António Eloy