“A vida política não se esgota nos partidos”, diz militante mais antigo do PSD na distrital de Leiria

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Gazeta das Caldas

1orador“A Ética na Política” deu o mote à conferência que teve lugar a 29 de Maio, no Café Pópulos, no Parque D. Carlos I e que foi organizada pelo PSD local.
A sala encheu-se de gente para escutar o gestor caldense João Sá Nogueira, que esteve durante décadas ligado à indústria do papel. Hoje é o administrador e director executivo da Fundação Roland Macdonald e é também o militante mais antigo da PSD local e do distrito de Leiria. Na sua intervenção falou sobre o descrédito da classe polÍtica e deixou a sugestão de se formar um movimento de cidadãos em defesa do Parque D. Carlos I.

“Acho que na vida pública deverá voltar-se para a prática da cidadania pois esta não se esgota na vida dos partidos”. Quem o diz é João José Sá Nogueira, que foi convidado pelo Gabinete de Estudos do PSD das Caldas da Rainha para falar aos militantes. O orador disse que são os partidos que, através de eleições, “levam as nossas aspirações até lá cima e as transformam em projectos de lei e resoluções que serão depois concretizadas na prática”, mas pediu também que não fossem esquecidas as associações, os sindicatos e os movimentos dos cidadãos, sobretudo quando se constituem em defesa do bem comum.”Eu posso constituir um movimento de defesa do parque D. Carlos I e nele vou ter gente de todos os partidos”, disse. Questionado se deixava o desafio, João Sá Nogueira, assentiu e acrescentou: “é um desafio que deixo a toda a cidade pois é um tema com o qual nos devemos todos preocupar”.
Outras das ideias que o gestor defendeu foi que os movimentos de cidadãos que se candidatam a ascender ao poder, “continuam a ser movimentos em nome mas, para mim, comportam-se como partidos”.
Durante a sua intervenção, Sá Nogueira referiu várias vezes a crise partidária que se vive e que faz com que as pessoas “não acreditem nos partidos políticos”. Na sua opinião, com “a queda do muro de Berlim e, à excepção de alguns marxistas, toda a gente esqueceu as ideologias”. Para o convidado, os valores “quebraram-se” e a ética “passou a ser relativa”.
Como tal, é necessário inverter esta situação. Como? “Erradicando a corrupção, a mentira, a difamação”, disse o orador, acrescentando que actualmente a política “corre o risco do descrédito pela ineficácia das suas instituições”.
João Sá Nogueira afirmou também que veio participar neste ciclo porque sabia que os jovens do partido iriam estar presentes. Na sua opinião, é preciso mudar a forma de estar na política para voltar a conquistar a confiança dos concidadãos.
Ao longo da sua intervenção Sá Nogueira sublinhou várias vezes que o que é importante na vida “são as pessoas”. Frisou também que a envolvência com a comunidade deve ser algo em que se deve apostar desde cedo. O gestor, de 77 anos, propôs ainda o uso do “eticómetro”, um “instrumento portátil que está directamente relacionado com a consciência de cada um” e que serve para aferir e medir as atitudes que se vão tomando na vida.
O debate que se seguiu foi animado, com várias pessoas a intervir, sobretudo jovens, que concordaram com a mudança de atitude e de seriedade que é pedida dos políticos da nova geração de modo a recuperar a idoneidade perdida.
O debate contou com as intervenções do líder da JSD das Caldas, Rui Constantino, e do presidente do PSD das Caldas, Hugo Oliveira, e do responsável pelo Gabinete de Estudos do PSD, Jorge Varela. Este último disse que o ciclo de conferências é para continuar e dirigem-se, não só aos militantes como à população geral.