“Fazer obras é fácil, mas depois não temos dinheiro para as manter”

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notícias das Caldas“Não há dinheiro para manter tantas piscinas municipais e um conjunto de benefícios que as câmaras e as juntas de freguesia mantinham”. A afirmação foi feita por Fernando Costa no programa “Prós e Contras”, da RTP1, na noite de 3 de Outubro, cujo tema foi a reforma administrativa do Poder Local e que contou com a presença do ministro Miguel Relvas.
Depois de ter construído três piscinas municipais (em A-dos-Francos, Santo Onofre e Santa Catarina) durante os últimos anos (para além da piscina descoberta de Salir do Porto que está a ser gerida pela Orbitur), o presidente da Câmara das Caldas confessou que sente dificuldade em manter o seu funcionamento.
“Foi fácil fazê-las porque nós tínhamos financiamento de 60 ou 70% do QREN. Agora o que é difícil é mantê-las”, admitiu o autarca.


Fernando Costa disse ainda que recentemente comentou com o ministro da Economia que “pode ser um grave risco subsidiar as obras municipais a 85$ ou 90%, porque fazer obra é fácil, todos gostamos, e em cima de eleições ainda gostamos mais, mas depois não temos dinheiro para as manter”.
O edil caldense, que já teve como mote numa campanha eleitoral “As Caldas quer, a obra nasce”, ao longo dos anos usou várias vezes o argumento de fazer certas obras para aproveitar os fundos comunitários.
O Centro Cultural e de Congressos, que foi o maior investimento de sempre da autarquia, custou 18 milhões de euros e foi feito com essa dimensão porque havia financiamento comunitário, mas poderia ter ficado mais barato e ter uma manutenção menos dispendiosa se o projecto fosse menos ambicioso.
Actualmente está a ser construído nas Caldas da Rainha um museu que irá custar um milhão de euros, no Centro de Artes onde já existem vários espaços museológicos que estão habitualmente fechados porque a Câmara não consegue assegurar o seu funcionamento por falta de funcionários, como a Gazeta das Caldas referiu num artigo recente.
Depois das intervenções dos seus colegas, que clamavam contra a extinção e fusão de municípios, o presidente da Câmara das Caldas comentou que lhe parecia “estarmos a falar de um outro ‘mundo’” e não de Portugal.
“Nós estamos num país à beira da falência e nós, municípios, que não contribuímos excessivamente para o endividamento, estamos, na grande maioria, com grandes dificuldades para pagar as dívidas”, referiu.
Perante algumas caras atónitas na plateia, Fernando Costa salientou que há câmaras a pagar com atraso de um ano e que a banca deixou de emprestar aos municípios “porque não tem dinheiro para emprestar”.
Por outro lado “nós temos os encargos e não podemos diminuir os encargos, mas as receitas caíram estrondosamente”, disse.