PS diz que é necessário “pacificar tensões” ao nível da saúde do Oeste

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Gazeta das Caldas

PSOs candidatos por Leiria dedicaram o dia 22 de Setembro à saúde, uma das prioridades da agenda política do PS para estas legislativas. A comitiva visitou o hospital, contactou com profissionais da área e ao final da tarde realizou um encontro onde apresentou uma proposta para a reorganização dos serviços, com o objectivo de colocar o utente no centro da sua acção e que interligue os cuidados primários, hospitalares, continuados e paliativos.

“Primeiro é preciso pacificar as tensões, depois vem a fase da negociação”. Esta a lição que Correia de Campos, ministro da saúde no primeiro governo de José Sócrates, alertou para a necessidade dos caldenses terem uma ideia firme do que querem para o sector da saúde. “Se não souberem negociar vem a imposição”, disse, lembrando que “as pessoas das Caldas já erraram por duas vezes”,ao não teremchegado a consenso quanto à localização de um novo hospital na altura do seu próprio governo e, depois, no da sua sucessora, Ana Jorge.

O ex-ministro defendeu ainda a necessidade de equilíbrio dos dois núcleos, o dos cuidados de saúde primários e da assistência hospitalar.

“A primeira prioridade deve ser a de garantir que, no primeiro contacto com o sistema de saúde, o cidadão deve ser o mais bem tratado e assistido possível”, disse, acrescentando que também os hospitais devem ser acessíveis e de qualidade.

Também o coordenador socialista para a área da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, defendeu que nas Caldas e no Oeste é necessário “acabar de vez com o clima de conflitualidade” e fazer com que o SNS e as instituições que o representam sejam factor de agregação da população.

“Se alguma coisa o PS pode prometer é a sua matriz de diálogo social e que é preciso alinhar as politicas com as pessoas”, disse o responsável, acrescentando que o Oeste é o exemplo daquilo que “de mau este o governo fez ao considerar que as decisões sobre a oferta de cuidados e a satisfação de necessidades se faz com uma régua e esquadro num gabinete alcatifado”, em Lisboa.

Adalberto Fernandes disse que o programa socialista prevê que é necessário chamar ao trabalho de equipa não só os médicos e enfermeiros como também os farmacêuticos comunitários. “

 Pretendemos trazer para dentro do sistema as farmácias comunitárias e fazer delas apoios activos em domínios como a vigilância, protecção, apoio, encaminhamento e sinalização”, disse o também professor na Escola Nacional de Saúde Pública.

No que respeita à questão hospitalar defendeu que têm que ser criadas condições para atrair e para fixar jovens médicos e enfermeiros.  “Tem que ser um hospital amigo das pessoas”, disse Adalberto Fernandes, acrescentando que se o PS ganhar as eleições pretendem proceder às alterações de forma gradual. “Reformas feitas à pressa ou reestruturações feitas a correr dão quase sempre mau resultado”, disse o orador.

70 mil sem médico de família no distrito

 O PS das Caldas da Rainha constituiu, há cerca  de  três  anos,  uma  Comissão  Permanente  de acompanhamento para as Temáticas da Saúde que tem vindo a denunciar os problemas neste sector, mas também a estudar possíveis soluções. Sara Velez, presidente da concelhia caldense, destaca que uma reorganização dos cuidados de saúde hospitalares tem que respeitar, em primeiro lugar, as condições  de  acesso  aos  serviços.

 “Um governo  do  PS  não  pode  permitir  que  utentes  com elevadíssimas vulnerabilidades socioeconómicas deixem de aceder aos serviços só porque não conseguem chegar a eles”, disse, defendendo a aposta na proximidade como um factor decisivo para a eficácia da prestação de cuidados.

A proposta socialista prevê a colocação do utente no centro da acção, assim como a interligação dos cuidados primários, hospitalares, continuados e paliativos. Também presente no encontro, Filomena Cabeça, mandatária do PS para o concelho das Caldas, fez uma “radiografia” da saúde nas Caldas nos últimos anos e diagnosticou que o hospital das Caldas funcionava melhor autónomo do que enquanto unidade integrada no CHO.

“Sentimos neste último mandato que houve uma perca de qualidade nos cuidados de saúde, do prestígio das instituições e por parte das populações, daí haver tantos problemas graves entre utentes e profissionais de saúde”, acrescentou.

Nos cuidados de saúde primários a panorâmica também não é boa, com  a falta de médicos e pessoal de enfermagem. “Sabemos que no distrito de Leiria há 70 mil pessoas sem médico de família”, informou Filomena Cabeça.

A farmacêutica e coordenadora da Comissão de Saúde do PS caldense, defendeu a elaboração de um projecto estruturado, com uma visão estratégica, a médio e longo prazo. Destacou que a prevenção da doença e a promoção da saúde é fundamental e que o turismo de saúde é um complemento importante para o desenvolvimento económico do concelho.

Filomena Cabeça ainda falou da implementação de um  modelo de gestão clínica assente no médico gestor da doença dos utentes, assim como na aposta em novas tecnologias da informação e comunicação em todas as organizações. “

 Pretendemos também apostar num ambulatório médico, cirúrgico e de enfermagem para prestar cuidados de proximidade aos utentes”, disse.

A cabeça de lista do PS por Leiria, Margarida Marques, realçou a complexidade dos problemas de saúde no distrito. Alertou ainda para a existência de casos alarmantes, como Peniche, em que metade da população não possui médico de família.

Nesse mesmo dia à noite foi feita a apresentação, na biblioteca municipal, do livro “Saúde & preconceito – mitos, falácias e enganos”, de Correia de Campos.