A Semana do Zé Povinho

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Falar de ondas gravitacionais, de buracos negros, da força da gravidade no espaço sideral, no electromagnetismo e nas forças fracas e fortes, parece tema demasiado complexo que só atrai um punhado de interessados em fenómenos científicos.

Mas o público caldense e muitos jovens estudantes do ensino secundário, especialmente finalistas, não acham assim e das duas vezes que os Dragões do Oeste organizaram estas sessões, com a colaboração da Gazeta das Caldas e do CCC, lotaram totalmente o auditório com mais de duas centenas de lugares para ouvir os cientistas.
Da primeira vez, no ano passado coube ao professor João Seixas, do CERN de Genève e do IST de Lisboa, deslumbrar os presentes sobre o “Universo na Ponta de uma Agulha”.
Desta vez, com um tema ainda mais complexo, sobre as ondas gravitacionais e os buracos negros, a sala estava lotada logo à hora marcada, começando a sessão sem qualquer atraso, o que mostra o grande interesse do tema e até à meia noite permaneceu a sala lotada, bebendo o saber científico do professor Astrofísico Vítor Cardoso do Instituto Superior Técnico de Lisboa.
Durante quase duas horas e meia, de olhos atentos às projecções e de ouvidos sintonizados com as palavras sábias mas também complexas ditas, de forma simples, concisa, mas muitas vezes deixando a dúvida da certeza científica do muito que ainda não se conhece do Universo, constituiu uma aula inesquecível para muitos.
Esteve de parabéns o professor Vítor Cardoso, como antes tinha estado o seu colega João Seixas, que demonstraram que o conhecimento científico pode chegar a todos os interessados de uma forma simples mas também exigente.
Não é só a das Caldas da Rainha. São as mais de cem agências que a Caixa Geral de Depósitos já encerrou ou pretende encerrar por todo o país, muitas delas em localidades onde as pessoas não têm mais nenhum banco onde se dirigir.
Depois de 64 agências que a Caixa fechou no ano passado, seguem-se este ano mais 70 ou 80. Isto sem se conhecer ainda uma lista, parecendo que tudo é feito de forma casuística e com algum secretismo para apanhar as pessoas desprevenidas.
No caso das Caldas da Rainha, que já chegou a ter agências (R. Dr. Miguel Bombarda, Praça da República e Bairro Azul), o banco público ficará apenas representado com um só balcão. É muito pouco para uma cidade de 30 mil habitantes, sobretudo tendo em conta que na agência da Rua Dr. Miguel Bombarda os clientes da Caixa já enfrentam tempos de espera elevadíssimos, à semelhança do que acontece em muitas repartições públicas.
Como se não bastasse, apesar de fechar agências e de tentar promover o contacto através da Internet, a Caixa cobra pela utilização das ferramentas online. Não satisfeita com os ganhos de produtividade que já obtém por ter os clientes a fazer tarefas que antes só podiam ser feitas aos balcões, o banco cobra comissões, por exemplo, pelas transferências na Internet.
Sendo certo que também outros bancos se fartam de extorquir dinheiro à custa do comissionamento (hoje há comissões para tudo e para nada), Zé Povinho olha para o banco estatal e surpreende-se por este não fazer a diferença em termos de serviço público e de se posicionar como um qualquer banco privado, apesar de recentemente ter sido capitalizado com os impostos dos portugueses.
O seu presidente do Conselho de Administração, Dr. Paulo Macedo, não tem culpa de ter herdado um banco coxo depois dos desmandos das eras pré-socrática, socrática e pós-socrática em que a Caixa serviu para negociatas ainda não totalmente conhecidas, algumas para financiar construções inviáveis e que ficaram em obra. Mas uma gestão só centrada em folhas de Excel que não vê a realidade social nem as pessoas que a povoam, merece censura de Zé Povinho.