A reabertura das Termas de Monte Real

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A região Centro possui 22 das 46 termas em funcionamento no país. A estas irão somar-se a curto prazo as termas de Monte Real, no norte do distrito de Leiria. Francisco Santos, director do Região de Leiria, anunciou na conferência que, já em inícios do próximo ano, irá arrancar um estudo médico-hidrológico (com duração de 16 a 18 meses) com tratamentos a termalistas selecionados, para depois dar-se início ao processo de reabertura das termas, encerradas desde 2014.
Também presente no evento, Hugo Oliveira, vice-presidente da Associação de Termas de Portugal e autarca caldense, destacou a reabertura recente das Termas da Piedade, em Alcobaça, mas também a necessidade de aproveitamento das águas termais em Óbidos, Torres Vedras e Batalha, para que a região tenha um impacto maior no termalismo nacional.
O autarca destacou a necessidade de comparticipação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) nos tratamentos termais, lembrando que quando esta foi suspensa registou-se um decréscimo no número de utentes. “Foi uma luta grande para que pudéssemos voltar a ter essas comparticipações, mas hoje são uma realidade”, disse, destacando o papel fundamental que Ana Godinho, então secretária de Estado do Turismo (actual ministra do Trabalho), teve na atribuição desse apoio, que se traduz num acréscimo de 15% no número de clientes. “Estamos a falar de 420 mil dias de tratamentos termais, que corresponde a um total de 1,2 milhões de tratamentos, assim como a 90 dias de práticas termais e cerca de 200 mil técnicas aplicadas”, sintetizou.
O limite anual de 600 mil euros previsto para a comparticipação nos tratamentos com água termal já foi atingido em finais de Novembro, com 7200 prescrições médicas, mas de acordo com Hugo Oliveira, há a garantia do governo que o apoio continue, estimando que o valor até ao final do ano atinja os 630 mil euros.
Actualmente o sector do termalismo gera um impacto de 24 milhões de euros na economia. Um peso ainda pequeno, mas que a Associação Termas de Portugal quer aumentar. Para tal é importante a continuidade da comparticipação estatal, mas também a promoção das termas. O autarca explicou que nos últimos 15 anos foram investidos cerca de 350 milhões de euros na recuperação e divulgação das termas e que actualmente Bruxelas já não apoia a recuperação de edifícios, apenas a promoção imaterial.
Referindo-se ao impacto que o termalismo tem no território, Hugo Oliveira socorreu-se de estudos realizados, que estimam que uma despesa turística de 100 euros realizada nas termas, originará na economia regional um efeito que poderá oscilar entre os 80 e 90 euros. Por outro lado, o “acréscimo de 100 utentes nas termas traduz-se, em média, em quatro novos empregos permanentes na economia regional e mais seis empregos de carácter sazonal”, concluiu.

Transformar as termas numa experiência

Também Adriano Barreto Ramos, coordenador das Termas Centro, considera que termas estão a atrair cada vez mais pessoas aos locais onde estão inseridas, criando um impacto positivo em termos turísticos e económicos. O responsável explicou que quase dois terços (mais de 60%) das estâncias termais com fins terapêuticos situam-se na região Centro de Portugal e, com o intuito de reforçar a sua competitividade turística, está a ser dinamizada a segunda edição do PROVERE, que prevê um investimento de 2,3 milhões de euros (dos quais 1,9 milhões são comparticipados por fundos comunitários e o restante pelos consorciados da rede) para animação.
Está também a ser feita uma aposta ao nível da inovação, com o desenvolvimento de uma ferramenta para monitorizar o resultado dos tratamentos termais no médio prazo. Sinaléctica para as termas e a recolha de memórias para colocar numa base de dados disponível para todos, são outras das propostas, a par do site, que integra um guia das Termas Centro, um road book, um livro de receitas saudáveis e uma loja online onde será possível fazer compras em várias termas apenas com um pagamento.
De acordo com Adriano Barreto Ramos, o desafio passa por “transformar as termas numa experiência que as pessoas levam para casa para recordação”.
No encerramento da conferência, o director da Gazeta das Caldas, José Luís Almeida Silva, disse ter o “sonho” de que um dia Caldas irá viver o “verdadeiro significado da cidade termal criativa e sustentável, numa região que se quer afirmar num país que é hoje um dos principais destinos (turísticos) do mundo”.

Termas de Óbidos à espera de investidor

A Câmara de Óbidos possui desde 26 de Agosto de 2015 o contrato de concessão para exploração da água mineral termal captada nas Gaeiras e denominada Termas de Óbidos. Este aquífero de água termal com características similares às caldenses, mas bacteriologicamente mais puro, foi apresentado pela primeira vez em Setembro de 2013 por Matos Dias, geólogo responsável pelos trabalhos de prospecção e pesquisa que se realizaram durante quatro anos na Quinta das Janelas, propriedade da Associação Nacional de Farmácias.
Quanto ao aproveitamento das águas, este deverá estar associado ao bem-estar e lazer, pelo que a “previsão depende mais do mercado e, em particular, do investimento privado que vá ao encontro da estratégia de wellness e não tanto na perspectiva de tratamento”, explicou o presidente da Câmara de Óbidos, Humberto Marques, à Gazeta das Caldas. O autarca acrescentou ainda que será sempre um “projecto de complemento com o das Caldas da Rainha e em observância com a estratégia que definimos”.