Banda de Óbidos assinalou reunião dos Capitães

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A atuação da banda filarmónica, liderada por Joana Sá, e acompanhada por Manuel Freire

O dia em que a sede da banda foi usada para uma reunião conspirativa dos capitães de Abril foi recordado com um concerto comemorativo

A 1 de dezembro houve música em Óbidos. O concerto, pela banda da Sociedade Musical e Recreativa Obidense (SMRO), pretendeu homenagear a reunião de capitães que decorreu há 50 anos na Casa da Música, edifício sede desta sociedade musical. De acordo com a direção, a data assume um valor ainda mais especial devido ao facto de ter sido um obidense, Octávio Pinto (tio de um dos atuais músicos da Banda Filarmónica), na altura cabo miliciano no RI5 quem sugeriu a utilização da sala e pediu a chave da mesma ao então presidente da SMRO, Luís Manzorra.
O concerto comemorativo, que decorreu na Praça da Criatividade, contou com 47 músicos em palco, liderados pela maestrina Joana Sá, que interpretaram um repertório exclusivamente português, traçando um caminho desde as trevas até à luz. Iniciaram a atuação com “Terra de (In)certezas”, de Helder Bettencourt, “uma obra composta durante a pandemia que simboliza a angústia e a suspensão vividas, retratando também laivos de esperança”, explicou a maestrina, acrescentando que “esta dicotomia remete-nos para 50 anos atrás, onde a ditadura era a certeza de todos os dias, e a esperança já em si um ato transgressor”. Continuaram com “Cerberus”, uma obra do compositor obidense Rui Rodrigues, e depois “Sonho de Uma Noite de Verão”, de João Malha, que fez uma ligação para a segunda parte do concerto, com a presença do convidado de honra, Manuel Freire. O cantor escolheu três músicas originais para interpretar com a banda filarmónica, tendo terminado com a “Pedra Filosofal”. O concerto encerrou com o “Hino da Restauração”, composto por Eugénio Monteiro de Almeida, assinalando outra data emblemática da história, a Restauração da Independência, a 1 de dezembro de 1640.
O espetáculo contou ainda com um momento de conversa com Manuel Freire, que falou da importância da música e da arte antes e depois do 25 de abril de 1974 e como era fazer música no tempo da ditadura.
A SMRO está a preparar um espetáculo para a noite de 24 de abril, inserido nas comemorações dos 50 anos da revolução dos cravos.
Esta foi a primeira vez que Joana Sá trabalhou com um cantor enquanto maestrina. “Pude conhecer alguém que não só é um grande artista mas também uma pessoa com muitas histórias e conhecimentos para partilhar”, conta, acrescentando que foi desafio interessante para a banda, que teve de se adaptar Concertos e workshopsr às “nuances interpretativas” do cantor.

A SMRO realiza, no próximo domingo, pelas 10h00, o concerto pedagógico “Os Instrumentos do Pai Natal”, de Francisco Oliveira, no auditório da Casa da Música. Embora destinado aos mais novos e famílias, está aberto a toda a comunidade e é de entrada livre. À tarde, entre as 14h30 e as 18h00, decorrerão dois workshops sobre Música na Era Digital, com o compositor Eduardo Marques. Intitulados “MuseScore – Introdução ao Uso de Software de Notação Musical” (14h30-16h00) e “Introdução à Composição e Criatividade Musical” (16h30-18h00), são gratuitos, mediante inscrição prévia através do mail smrobidense.smro@gmail.com