No ano do seu centenário Caldas Sport Clube foi o grande homenageado do 15 de Maio

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Custódio Sousa, Lalanda Ribeiro, Tinta Ferreira, Jorge Reis e Nicolau Borges | ISAQUE VICENTE

No feriado municipal o Caldas Sport Clube foi o grande homenageado com a Medalha de Honra da cidade. “Caldas: nos 100 anos, sem dívidas” resumiu Jorge Reis, presidente do Conselho de Administração do clube, recordando que ainda há 10 anos o Caldas tinha um passivo a rondar o meio milhão de euros. Em ano de centenário houve tempo para recordar a história e desmistificar alguns factos como o da data de fundação do clube que não foi a 15 de Maio, mas sim a 5 de Outubro de 1916. A cerimónia encheu o grande auditório do CCC, sendo 22 personalidades e instituições agraciadas com medalhas.

Depois de receber a medalha de honra da cidade das mãos de Tinta Ferreira, presidente da Câmara, o representante do Caldas Sport Clube, Jorge Reis, presidente do Conselho de Administração, destacou que, no centenário, o clube se pode orgulhar de não ter dívidas. Recordou que “há cerca dez anos o clube atravessava uma grave crise com um passivo próximo dos 500 mil euros e falava-se da hipótese de acabar com a denominação e começar outra”. Enalteceu a recuperação que foi encetada com Vítor Marques como presidente, salientou as cerca de 400 pessoas que a instituição envolve e deu os parabéns ao Sporting Clube das Caldas por se ter sagrado vice-campeão da 1ª divisão nacional em voleibol.

Nicolau Borges, historiador que integra a associação Património Histórico e que apresentou o homenageado, recordou a história de fundação do clube alvinegro.
Salientou que “os primeiros jogos de futebol em Portugal foram no final do século XIX e que a Federação Portuguesa de Futebol foi fundada em 1914”, notando que a criação do Caldas “ocorre no pico da fundação de clubes de futebol em Portugal (1914-18), antes da primeira guerra mundial, no período em que a influência inglesa mais se fez sentir em Portugal”.
O Caldas Sport Clube foi fundado por um grupo de caldenses composto por Eduardo José Valério, António Lopes Júnior e João dos Santos Arenha.
Mas como é que o clube se formou? “Temos documentos que nos comprovam a prática de futebol nas Caldas da Rainha desde o início de século XX”, afirmou, recordando a influência dos Boers quando estes estiveram refugiados na cidade.
O investigador disse que “as notícias dos primeiros jogos competitivos disputados nas Caldas, nos anos 1916 e 1917, apontam para a existência de um Sport Clube das Caldas fundado no dia 5 de Outubro 1916 e a existência de um Team Misto Caldense, que se constituía para disputar provas com selecções de outras cidades que se deslocavam às Caldas, com a obrigatoriedade de a equipa anfitriã se deslocar posteriormente ao campo do seu adversário”.
Fez notar que os primeiros jogadores do Caldas Sport Clube são os que antes surgiam no Team Misto Caldense, o que o leva a afirmar que “o Team Misto Caldense é o clube que antecede o Caldas Sport Clube”.
Lembrou a rivalidade com o S.C.E. Bombarralense e os vários campos onde o Caldas jogou: desde o seu primeiro campo de jogos no Bairro da Ponte (onde hoje se encontra uma escola e urbanizações), ao Campo da Mata, passando pelo campo nos terrenos do Borlão (onde fica hoje a Câmara e o tribunal).
Em futebol o CSC é filiado e fundador da Associação de Futebol de Leiria. “A relevância do Caldas Sport Clube era de tal modo dominadora que conseguiu fazer instalar nas Caldas a sede da AFL após a sua fundação e aprovação dos estatutos”, notou. Mas, no seu historial conta com mais de 250 participações em campeonatos oficiais nas várias modalidades praticadas e mais de 500 troféus conquistados.

ESPERANÇA NO HOSPITAL TERMAL

O presidente da Câmara, Tinta Ferreira, apresentou um vídeo promocional da cidade e deu os parabéns ao Acrotramp por um dos seus atletas se ter sagrado campeão nacional no mesmo fim-de-semana.
A abrir a cerimónia Lalanda Ribeiro, presidente da Assembleia Municipal, lembrou Luís Ribeiro, seu antecessor no cargo e referiu-se à concessão das águas e património termais à Câmara como um factor de esperança na reabertura do hospital. “Permitiu que aliviássemos um pouco o luto que nós trazíamos de há uns anos a esta parte, desde que o hospital foi encerrado por contaminação das águas”, afirmou, mostrando-se crente que no próximo 15 de Maio o hospital esteja a funcionar.
Recordou alguns jogos, jogadores e treinadores do Caldas e afirmou que “não podemos esquecer os velhos problemas que nos afligem”, apontando à Linha do Oeste, à Lagoa de Óbidos e ao Hospital.
A cerimónia, que foi traduzida em Língua Gestual Portuguesa, teve início com dois momentos musicais. Primeiro Miguel Costa Mateus tocou, ao piano, a “Dança dos Pássaros”, de António Pinho Vargas, depois o ensemble de cordas do conservatório de música das Caldas interpretou Bach e Mozart.
Como habitualmente, decorreu a entrega das medalhas às individualidades e entidades homenageadas. Apenas a Associação de Ténis de Mesa do Distrito de Leiria não recebeu o galardão porque não se fez representar.