A Semana do Zé Povinho

0
435

sobe

Jack Casimiro nasceu na Serra do Bouro, numa família humilde, que nos anos 60 demandou o Novo Mundo para ter condições de vida melhores que conseguia na sua Pátria.
Partiram como muitos outros, tanto para os Estados Unidos, como para o Canadá. Outros escolheram a Europa, a América do Sul, a África ou ainda a longínqua Austrália.
Nem todos enriqueceram de forma a poderem distinguir o Hospital das Caldas da Rainha com uma máquina tão sofisticada e que irá servir muitas pessoas. Mas a grande maioria conseguiu os objectivos que o seu país não lhe concedia. Nem mesmo trabalhando sem parar.
Zé Povinho sabe que Jack Casimiro é um inveterado trabalhador como empresário, que na construção civil tem como lema servir bem quem o contrata e cumprir os prazos das obras sem mácula. Mais: nos Estados Unidos, um dos critérios de selecção dos empreiteiros, para além do preço, é a pontualidade, o compromisso pela hora acabada a tempo e horas. E Jack Casimiro gaba-se de acabar frequentemente as suas obras antes dos prazos terminarem.
E não se tratam de obras de vão de escada, mas sim de empreendimentos de grande dimensão, sejam pontes ou infra-estruturas de aeroportos em várias regiões dos Estados Unidos da América.
Zé Povinho presta homenagem a este emigrante benemérito por ter sido sensível às carências e generoso com o hospital caldense, quando nas altas instâncias do país essa preocupação é excepção, primando o Estado português pelas palavras “encerramento”, “despedimento” e “incumprimento”.

A Suíça desceé um excelente país para viver e tem uma população pacata e cordata, que ao longo dos anos, contra ventos e tempestades, mantém um estatuto de neutralidade que lhe permitiu passar incólume durante as guerras que assolaram o continente europeu no séc. XX.
Em contrapartida esta neutralidade permitiu-lhe fazer alguns negócios que deixavam bastante a desejar a um comportamento ético mais exemplar.
Uma das facetas da Confederação Helvética é o mais que célebre sigilo bancário, que permite à cáfila de impostores não cumprir os seus deveres fiscais, para não falar de outros que levavam para os bancos daquele país os resultados da sua traficância e outros negócios ilegais e corruptos.
Nos últimos anos a Justiça americana e também as fugas de informação de uns quantos empregados da banca do país, tem obrigado aqueles banqueiros a divulgar as contas secretas e a mostrarem à luz do dia alguns dos seus segredos.
Mas em relação a países menos poderosos a banca suíça mantém-se impassível, evitando desvendar, até ao limite do possível, quem são os seus depositantes fantasmas.
Esta semana uma fuga de informação de 2007, que ficou restringida na altura às autoridades francesas, vai desvendar agora mais algumas centenas de nomes de “patriotas” do dinheiro nos paraísos fiscais.
A lista dos portugueses no HSBC parece atingir as centenas, desde ilustres desconhecidos até alguns nomes e empresas sonantes. Alguns já vieram desmentir, mas parece que o conhecimento dos nomes vai desvendar mais alguma coisa da história trágica de um país que, para alguns (talvez para os que têm dinheiro nos bancos suíços) acha que viveu acima das suas possibilidades.
Mas a Suíça não pode ser desculpada por ter criado as oportunidades para tantos fugirem às suas responsabilidades, e permitirem a um país de forma imoral viver à conta da desgraça dos outros.