A ponte pedonal

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Em ano de eleições legislativas é natural que os atores políticos, em particular dos partidos com mais potencial de eleger deputados, se comecem a movimentar para, quando soar o tiro de partida, se perceber quem está melhor colocado para alcançar um lugar mais elevado na lista de candidatos. E isto nada tem de extraordinário. Se queremos ser representados na Assembleia da República pelos melhores, é bom que haja alguma concorrência entre “candidatos a candidatos” para que, no fim, e com o atual sistema, os partidos possam escolher os melhores para formar a referida lista.
É natural que assim seja… os que já lá estão, querem ficar; os que de lá saíram, querem voltar; e os que lá nunca foram, querem ir. Felizmente são muitos os que, por espírito de missão à causa pública, querem exercer funções em que possam servir as populações. Em suma, são muitos os que querem atravessar a “Ponte” para essa outra margem.
Acontece que, não estando todos em posição de igualdade à partida (uns já lá estão, outros querem voltar e outros nunca lá estiveram), têm de adoptar estratégias diferentes para apanhar essa “Ponte”. Para os que já lá estão, não tendo que atravessar a ponte, preferiam que nada acontecesse, que ninguém tentasse a travessia, para que tudo continuasse na mesma. Para os que querem voltar, como já conhecem o caminho e sabem desviar-se dos buracos e das armadilhas que possam existir na ponte, podem atravessá-la em grande velocidade. Para os que nunca lá estiveram, a ponte é apenas uma “Ponte Pedonal”… têm que a atravessar a pé, de tão sinuoso que é o caminho.
Na última página da Gazeta das Caldas da semana passada, o Zé Povinho queixava-se de que o Vereador Socialista Rui Correia, de forma alarmista, tinha feito uma intervenção sobre o iminente colapso da ponte pedonal da estação ferroviária. Dizia aquela tão caldense criação de Bordalo Pinheiro, enquanto brindava Rui Correia com uma seta para baixo, que o vereador da oposição, sabendo das diligências em curso, nomeadamente da inspeção à estrutura, preferiu fazer um comunicado para os jornais ignorando todas as informações complementares que lhe haviam fornecido.
Se é certo que, como agora alguns referem, o caminho sinuoso para os que querem atravessar a Ponte pela primeira vez os pode obrigar a tudo fazerem para chamar sobre si os holofotes da comunicação social, não deixa também de ser verdade que com a segurança das pessoas não se brinca. Independentemente de ser ou não um número político, se um vereador alerta para uma situação de possível queda de uma ponte pedonal, há que verificar seriamente se a ponte é segura e se está em condições ou, pelo contrário, se necessita de algum tipo de intervenção.
Quanto aos responsáveis políticos da oposição, não se esqueçam que, numa situação, como nas Caldas, em que o poder é exercido há tantos anos por um partido, são ainda mais necessários para manter esse partido sempre com a mesma vontade de fazer mais e melhor. Espero que não deixem de exercer, com responsabilidade, esse direito/dever de chamar a atenção para as situações em que algo possa não estar bem, principalmente se o que estiver em causa for a segurança das pessoas.

Jorge Varela
jorge.varela@ipleiria.pt

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