A esperança a perder-se aos poucos entre os apoiantes de Nóvoa

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SampaioNovoa1-IMG_8166Os apoiantes de António Sampaio da Nóvoa reuniram na sede da associação Olha-te por volta das 19h45. Até lá a porta esteve fechada. Perto das 20h00 estavam seis apoiantes. As primeiras projecções não trouxeram muito ânimo, mas ainda deixaram uma esperança nos presentes.
À medida que a informação ia sendo actualizada, com a mensagem de Ribeiro e Castro da sede de candidatura do ex-reitor da Universidade de Lisboa, o sentimento era o mesmo na sede nas Caldas: “temos de esperar”.
Uns criticam o facto de Marcelo Rebelo Sousa ter falado ao eleitorado de esquerda, outros debatem as diferenças. “Sete pontos percentuais é muito”, diz alguém, referindo-se ao intervalo apresentado. “Não, ainda é muito cedo”, responde outro.
Ouve-se a mensagem de Vítor Ramalho e as esperanças vão-se esfumando. “Eu acho que não tem mais de 48%, mas se calhar é só o que desejo”, diz um dos apoiantes sobre o candidato que acabou por vencer à primeira volta.
Chegam os resultados das Caldas, que suscitam a curiosidade dos presentes. As caras vão mudando e quando Sampaio da Nóvoa fez o seu discurso estavam seis apoiantes no Olha-te, chegando entretanto mais dois, entre os quais Sara Velez (presidente da concelhia do PS caldense), que pessoalmente decidiu apoiar este candidato.
Depois da mensagem do candidato derrotado, todos desmobilizaram.
António Curado, mandatário concelhio da campanha de Sampaio da Nóvoa, revelou que foi estando atento às projecções da RTP, que davam uma margem de possibilidade de não ficar fechado à primeira volta, mas que com o passar do tempo “fomos vendo que os resultados estavam longe de garantir uma segunda volta”. Ainda assim, considera que representam “uma tendência crescente”.
A maior surpresa para o mandatário foi “a descida de Maria de Belém e um bom resultado da Marisa Matias”. Os restantes estão dentro do que esperarava. “O Vitorino Silva teve um resultado muito razoável, que nos faz sorrir. É um dado da democracia”, afirmou. António Curado acredita que numa segunda volta era possível discutir com Marcelo Rebelo de Sousa. “Acho que as esperanças ainda aumentariam”, disse.
A terminar um elogio à campanha na zona, apesar da falta de apoios.

Sede vazia num PS sem candidato

Por volta das 19h30 a porta da sede do PS das Caldas estava aberta, mas a sala quase vazia. Tendo em conta que o partido não apresentou um candidato, os apoiantes ficaram por casa. Alguns que, a nível pessoal, acreditavam na candidatura de Sampaio da Nóvoa, deslocaram-se à associação Olha-te, onde estavam os apoiantes da campanha do ex-reitor da Universidade de Lisboa.
E, à medida que se aproximava a hora das primeiras projecções, uns entravam outros saíam. Eram três apoiantes perto das 20h00.
Já depois das 20h30 quatro socialistas iam pesquisando os resultados das freguesias que faltavam apurar no concelho.
Foi, assim, uma noite calma na sede do PS, numa eleição presidencial em que o partido não apoiou formalmente nenhum candidato.
Sara Velez, enquanto presidente da concelhia do PS, abriu a sede onde ficou a saber os resultados.
Quando Maria Belém apareceu nos ecrãs para o balanço dos resultados eleitorais, nenhum dos apoiantes na sede do PS perdeu tempo a ouvi-la.
Sara Velez admitiu que quando viu as projecções sentiu “alguma desilusão, pelo facto de nenhuma das candidaturas que se encontram no espaço do Partido Socialista ter conseguido obter um resultado satisfatório”.
Os resultados no concelho seguem uma tendência nacional, notou, antes de lembrar que este é um concelho maioritariamente PSD e onde “Marcelo acaba por conseguir um resultado acima da média nacional”.
A presidente da concelhia afirmou ainda que “se pudermos somar os votos dos dois candidatos do PS, ficamos um pouco atrás das legislativas”.
Numa justificação pela sua escolha pessoal, explicou que se identifica com Sampaio da Nóvoa por ser do espaço ideológico que acredita: a esquerda. Foram “os valores de participação, cidadania e liberdade”, que a levaram a apoiar este candidato.
Na sua óptica, “o PS não sai dividido das eleições” e, numa opinião pessoal e não como presidente concelhia, afirmou acreditar que “o facto de o PS não ter tido um candidato” pode ajudar a explicar o resultado obtido.

Calma e desilusão para o PCP

Na sede do PCP, por volta das 19h45, encontram-se apenas dois militantes. O ambiente está calmo. Quando saem as primeiras projecções, às 20h00, há cinco apoiantes na sede.
A desilusão com os resultados não é escondida, mas alguns apontam as diferenças de tratamento nos media nacionais. “Levaram um candidato ao colo”, diz um dos apoiantes, acrescentando que a candidatura de Edgar Silva “foi silenciada, marginalizada e atacada”.
Houve ainda tempo para apontar baterias à “suposta independência” de Marcelo Rebelo de Sousa.
Vítor Fernandes, dirigente da concelhia do PCP, elogiou a campanha do candidato comunista, apesar de Edgar Silva ter falhado os objectivos. “Tivemos uma quebra significativa em relação às últimas presidenciais”, notou, acrescentando que será dos piores resultados do PCP nas Caldas em eleições para o Presidente da República.
“Tal como nas últimas eleições dissemos que o PCP tinha sido a única força a subir no concelho, agora também temos que reconhecer que os resultados não foram bons”, admitiu Vítor Fernandes, acrescentando que o que mais o surpreendeu a nível das Caldas, “foi o resultado da Marisa Matias”, acrescentando que o principal objectivo do Partido Comunista era impedir uma vitória do candidato da direita à primeira volta, até porque, na sua óptica, a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa para Presidente da República “não será bom para a democracia” . Mas, afirma, “a luta vai continuar!”.