Fernando Costa pôs Passos Coelho e o congresso do PSD a rir às gargalhadas

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Uma das fotografias mais emblemáticas e partilhada nas redes sociais do congresso do PSD, que decorreu no passado fim-de-semana, e em que aparece Passos Coelho e Pedro Santana Lopes a rir às gargalhadas, é de um momento em que Fernando Costa, ex-presidente da Câmara das Caldas, está a discursar.
No XXXV Congresso Nacional dos sociais-democratas, que decorreu no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, de 21 a 23 de Fevereiro, o PSD das Caldas levou uma comitiva de 15 delegados e manteve, como já tinha acontecido em 2012, a mesma representação nos órgãos nacionais do partido. Maria da Conceição Pereira continua na Comissão Política na lista do líder e Miguel Goulão voltou a encabeçar uma lista ao Conselho Nacional, na qual foi também eleito Hugo Oliveira. Fernando Costa mantém-se como vice-presidente da mesa do congresso, na lista única apresentada pela direcção do partido.
A moção temática apresentada pela distrital de Leiria, da qual Fernando Costa era o primeiro subscritor e onde se defendia a evolução do Instituto Politécnico de Leiria (IPL) para uma universidade técnica que sirva a zona entre Lisboa e Coimbra, foi aprovada pelo congresso, à semelhança de todas as outras moções que foram a votos.
A moção pugnava também pela requalificação da Lagoa de Óbidos, valorização dos serviços hospitalares do Centro Hospitalar do Oeste e do Hospital Termal e a concretização do projecto de modernização da Linha do Oeste, entre outras propostas.
Foi também aprovada a moção temática intitulada “Por uma Linha do Oeste Sustentável”, apresentada por Duarte Pacheco, presidente da distrital do PSD/Oeste. Nesse documento exorta-se o governo a confirmar a importância do investimento na Linha do Oeste, nomeadamente na construção de um novo traçado e assim “dar um contributo inestimável para o progresso do Oeste e de Portugal”.
Elogios à esquerda e à direita

Numa intervenção que se iniciou cerca da uma da manhã, de sábado para domingo, a seguir à de Pedro Passos Coelho, e emitida pela SIC Notícias e pela TVI Informação, Fernando Costa voltou a divertir os congressistas sociais-democratas.
Desta vez o maior motivo de galhofa foi o facto de ter elogiado o presidente da Câmara de Loures, Bernardino Soares, com quem fez uma coligação após as eleições autárquicas. Isto apesar de uma das moedas de troca para essa coligação PSD/CDU – a nomeação de Fernando Costa para a administração da Valorsul – estar a ser inviabilizada pela provável privatização daquela empresa.
Não foi também por acaso que o agora vereador em Loures fez questão de elogiar o ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, a quem se dirigiu directamente pedindo para que adiasse as privatizações do sector de tratamento de resíduos, onde se inclui a Valorsul. Isto ao mesmo tempo que apelava a cortes nas empresas públicas.
Em relação a Bernardino Soares disse que este é um “jovem com vontade, mas muito sério”, sem deixar de referir que “há 40 anos, se me dissessem que ia fazer uma coligação com a CDU arrepiava-me todo”. Em tom de brincadeira acabou por dizer que gostaria que Bernardino Soares deixasse de ser comunista.
Das Caldas falou pouco, a não ser que tinha “deixado na Câmara uns milhões para o ‘meu’ vereador-presidente continuar” e que tinha sido para ele uma vitória que o PSD tivesse voltado a vencer com maioria absoluta, mesmo após a sua saída.
O autarca continua a dizer que há muitas câmaras municipais a gastarem mal o dinheiro e até incentivou o primeiro-ministro a fazer cortes nas autarquias, em alternativa a fazê-lo aos cidadãos comuns. Por outro lado, fez uma referência rápida ao Hospital Termal quando se dirigiu ao ministro da Saúde para dizer que este tenha cuidado nos cortes que tem feito na sua tutela.
No início da sua intervenção Fernando Costa incentivou Marques Mendes, ex-líder do partido e comentador na SIC, a subir ao palco e fazer uma intervenção, mas este declinou o convite.
Em 2010, no congresso que se realizou em Mafra, Fernando Costa tinha surpreendido com um discurso em que manifestou o seu apoio a Passos Coelho, que na altura disputava a liderança do partido contra Paulo Rangel. Para a História ficou o episódio em que o ex-edil caldense recusa um copo de água e diz que preferia um copo de vinho, mas também as fortes críticas que lançou para dentro do próprio partido.
Um apoio que Fernando Costa fez questão de relembrar neste congresso, agora que Passos Coelho é primeiro-ministro. O autarca não poupou elogios ao governante, dizendo que o congresso era um sucesso por ter tantos participantes. “Isso é obra de Passos Coelho e a prova da confiança que o partido está a ter nele”, afirmou no passado fim-de-semana.
Em 2012, Fernando Costa, também tinha dado nas vistas no congresso nacional do PSD numa intervenção em que manifestou a sua “revolta” em relação ao processo de reavaliação do património e as implicações no aumento do respectivo Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI). Uma tema ao qua voltou em 2014, mas desta vez com menos enfâse

Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt