A semana do Zé Povinho | 2018-08-03

Zé Povinho cumprimenta a Dra. Cristina Teotónio, ilustre médica do Centro Hospitalar do Oeste, que há 20 anos se desloca ao Estabelecimento Prisional das Caldas para tratar os doentes com VIH. O pioneirismo desta iniciativa é agora replicado a nível nacional, num protocolo que envolve os ministérios da Saúde e da Justiça, ou seja, os hospitais e as prisões.
No caso das Caldas, a cooperação entre o centro hospitalar e a prisão aconteceu porque a então directora da cadeia – a Dra. Joana Patuleia, que agora dirige o Estabelecimento Prisional de Leiria – é amiga de infância da médica Cristina Teotónio, o que facilitou extraordinariamente esta parceria, provando que, muitas vezes, as pessoas com vontade e competência, ultrapassam mais facilmente as barreiras institucionais.
É que deslocar um médico à prisão é mais fácil e mais barato do que levar 10 reclusos ao Hospital (até porque é obrigatório os doentes viajarem em carros celulares e acompanhados de guardas prisionais).
O certo é que esta iniciativa, que ainda hoje se mantém – e que também deve muito ao então presidente do Conselho de Administração do centro hospitalar, Dr. Mário Gonçalves – tem sido coroada de êxito, não só pelos avanços recentes da Medicina, que tornaram a Sida uma doença crónica, como pelo empenho da Dra. Cristina Teotónio, que tal como o Dr. Mário Gonçalves e a Dra. Joana Patuleia, souberam entender o significado do serviço público.

A linha do Oeste está a bater no fundo e o governo já não pode dizer que a culpa é do executivo anterior. O ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Dr. Pedro Marques, não pode negar que já sabia há mais de um ano que este eixo ferroviário estava a ficar sem soluções devido ao envelhecimento do material circulante e à falta de pessoal para o reparar. Soube-o, pelo menos, em Março de 2017 quando a CP lhe fez chegar um relatório alertando-o para o caos anunciado na empresa e para a necessidade de modernizar ou de comprar comboios.
O ministro nada fez e deixou andar. E acordou agora, quando as supressões de comboios atingiram dimensões escandalosas, para anunciar – tarde e a más horas – que vai contratar pessoal para as oficinas da CP e vai alugar automotoras diesel a Espanha. Tudo soluções que vão demorar meses a implementar e que não trarão resultados antes de 2019.
O Dr. Pedro Marques sabia de tudo isto e ficou quieto. Ou melhor, continuou alegremente o seu roteiro de show offs pelo país a anunciar – por mais do que uma vez – projectos de modernização ferroviária, ao mesmo tempo que não consegue cumprir atempadamente um único dos programas de modernização do Ferrovia2020.
Agora, para o Oeste, depois de dizer que “o governo defende um reforço, e não diminuição, do serviço ferroviário”, depois de dizer que estava a trabalhar em conjunto com a CP para evitar a anunciada redução de circulações nesta linha, eis que se concretizam mesmo os piores cenários e a linha que serve as Caldas da Rainha perde as ligações directas para Coimbra e reduz o número de comboios.
Zé Povinho acha que o ministro Pedro Marques ou é incompetente ou estará ao serviço de interesses que não os da ferrovia. Qualquer das hipóteses é má. Por isso, insta a que o senhor ministro se demita. Já fez estragos suficientes.