A segunda edição do Caldas Street Food Festival deu um passo em frente em relação ao ano passado. Não só porque se estendeu aos quatro dias (mais um que em 2015), mas também porque trouxe mais oito veículos à Avenida 1º Maio. Estima-se que 22 mil pessoas tenham passado pelo evento, onde se venderam em média 3100 refeições por dia.
De 8 a 11 de Dezembro, estacionaram na Avenida 26 food-trucks (restaurantes sobre rodas) com iguarias tipicamente portuguesas, mas também de outros cantos do mundo, como da Venezuela, México, Espanha, Índia e Hungria. Além da comida de rua, também as decorações das roulotes e a animação musical captaram a atenção dos visitantes.

Antes de provarem a comida, os visitantes deliciam-se com os 26 carros de street-food, estacionados de uma ponta à outra da Avenida. Das antigas motas Piaggio, às carrinhas Volkswagen e aos atrelados, há veículos para todos os gostos. Existe inclusive um autocarro cujo interior foi transformado num restaurante e que dá nas vistas, não só pela sua dimensão, mas pelo facto de ter uma decoração inspirada nos estabelecimentos americanos dos anos 50.
Os apreciadores de clássicos também param para ver de perto uma Citroën Acadiane, carrinha com 40 anos que foi restaurada e agora é o cartão de visita do café A Brasileira. Entre os veículos encontra-se ainda aquele que foi considerado o melhor food-truck do país este ano: o Pão Com Segredos.
A variedade de carros é proporcional à diversidade de sabores e não faltam sugestões originais. A Merenda Portuguesa, por exemplo, diz-nos que é possível comer um cozido à portuguesa, bacalhau espiritual, ou salsichas com couve lombarda sem pratos nem talheres. Mas como? Transformando estes pratos típicos portugueses em recheios que são acondicionados num pão de trigo e centeio em forma de “bolsa”.
Há também inúmeras especialidades de outros países. Como o Kürtös Kalács, bolo típico da Hungria que serviu de inspiração a Sandra Lopes e Amílcar Monteiro para, além de venderem este doce, criarem versões salgadas com o mesmo pão. Este distingue-se por ser grelhado com uma cobertura de queijo e azeitonas e pelo seu formato cilíndrico. É depois recheado com bifanas (10 quilos não chegaram para os quatro dias do festival), salmão, quebab de frango ou presunto.
Até ao outro lado do oceano leva-nos Álvaro Martins, venezuelano a morar em Lisboa que investiu num veículo com comida tradicional do seu país. A especialidade da casa são as arepas, um pão de milho que pode ser frito e assado e recheado com carne de vaca, frango e banana pão. Há também sugestões “aportuguesadas” com bacalhau e polvo. O próprio padrão da rouloute é um cruzamento das cores da bandeira da Venezuela e um tecido indígena com o azulejo português.
Não só a gastronomia da Hungria e da Venezuela estão representadas, mas também do México, Espanha, Índia, Holanda e Estados Unidos.
Para os vegetarianos também existem diversas opções, como a Veggie Lovers Truck, o primeiro veículo em Portugal 100% vegan com uma ementa onde só entram produtos biológicos e se destacam as sobremesas sem glúten, os hambúrgueres e as bifanas de seitan.

RESTAURANTES CALDENSES TAMBÉM PARTICIPARAM

Embora tenham restaurantes fixos, houve proprietários caldenses que também marcaram presença no Caldas Street Food. Foi o caso da Taskinha do B3co, que se serviu da piaggio de Maria João Botas (organizadora do evento) e da Marta’s Place/Tapas&Larachas, que restaurou uma carroça propositadamente para o evento.
“Ao contrário do que as pessoas pensam, o festival de street food não penaliza os cafés ou os restaurantes aqui perto. Muito pelo contrário. Traz mais gente à Avenida e é uma oportunidade para se divulgarem os nossos negócios”, diz Marta Calhau, do Marta’s Place.
Maria João Botas reforça esta ideia, revelando que alguns dos estabelecimentos da Avenida triplicaram as suas vendas e, como a maioria dos participantes veio de fora, ficou hospedado os quatro dias nas Caldas da Rainha. “Tudo isto é valor que fica na região”, acrescenta a responsável, que desde que organizou o primeiro festival nas Caldas, se tem dedicado a levar o street food a vários pontos do país.
A caldense sublinha que “não há nenhum evento de comida de rua em Portugal que traga tanta gente para a rua como este” e promete uma próxima edição para o ano.
O Caldas Street Food Festival é uma iniciativa de Maria João Botas em conjunto com a Câmara das Caldas e a ACCCRO. O evento esteve animado todos os dias com o comboio turístico de Natal e os grupos musicais Quinteto Impossível, Peña Kalimotxo e Falófarra.​ O seu êxito foi tal que no domingo à noite – já depois da hora prevista de encerramento – ainda havia alguns veículos a vender e muita gente em seu redor.