PCP de Óbidos contra projecto de exploração de bivalves na Lagoa

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O projecto de criação de bivalves está previsto para o lugar das Salinas, no Arelho

A concelhia de Óbidos do PCP divulgou que está previsto um projecto aquícola de bivalves para junto da Lagoa de Óbidos e alerta que este poderá pôr em causa a actividade piscatória naquele ecossistema. A Câmara de Óbidos, pelo contrário, considera que se trata de um projecto “interessante” para a lagoa em termos económicos e ambientais.

O PCP de Óbidos considera que a instalação de uma exploração aquícola, junto à Lagoa de Óbidos, no lugar das Salinas do Arelho, “poderá pôr em causa a actividade de apanha de bivalves e com isso a sobrevivência de mais de 200 pescadores e mariscadores e respectivas famílias”. Em comunicado (ver Divulgação Institucional), os comunistas consideram que um projecto deste tipo, “pela capacidade de produção instalada de bivalves”, vem acrescer aos problemas que já ali existem, de falta de desassoreamento, pressão urbanística nas margens e descarga de efluentes urbanos sem tratamento.
A concelhia de Óbidos do PCP considera que a instalação de um projecto desta natureza, de crescimento e engorda em regime extensivo de bivalves que crescem na Lagoa, deve merecer a necessária intervenção, por parte do governo e entidades responsáveis pelo seu licenciamento, no sentido de serem “salvaguardados os interesses dos pescadores e mariscadores locais”. Entende que qualquer projecto que venha a ser instalado naquela zona deve ter em conta a opinião e participação dos pescadores e mariscadores e exigem que a associação que os representa seja ouvida, “urgentemente”, pelas entidades que tutelam o sector.
O projecto foi posto à consideração da Direcção-Geral de Recursos Naturais e Serviços Marítimos, que notificou a Câmara de Óbidos a colocar editais a torna-lo público.
No parecer enviado aquela entidade, a autarquia refere que lhe parece um projecto “interessante para a Lagoa de Óbidos em termos económicos e ambientais, para a exploração de recursos hidráulicos dinâmicos e aposta na sustentabilidade e inovação”. Refere ainda que deverá ser articulado com as iniciativas da APA para se conformar com as novas dragagens na zona superior da Lagoa e a reabilitação ecológica e ambiental da zona das Salinas.
À Gazeta das Caldas o presidente da Câmara, Humberto Marques, recordou que já em 2005 foi apresentado um projecto para um criatório de bivalves, como forma de preservar aquela zona da colocação de dragados. Contudo, este ficou “emperrado” nas entidades centrais enquanto não se decidia o local para deposição dos dragados. Mas recentemente, com a decisão do seu envio para alto mar, o espaço ficou de novo disponível.
O autarca vê “com bondade” este projecto, assim como outro semelhante, que os mariscadores já tinham apresentado para outra zona da lagoa, justificando que eles “permitem o aumento dos rendimentos de cerca de 200 famílias”.