“Imersão de Letras”, assim se intitula a peça de Mário Reis, que abre a segunda colecção de cerâmica da Gazeta.
A primeira peça tem a forma da típica banheira do hospital termal, que é decorada com frases relacionadas com as águas escritas por um grupo de convidados do autor, acrescentando assim uma mais valia à proposta em barro. Este artista, radicado há décadas nas Caldas, está ligado ao município da Nazaré onde tem desenvolvido arte pública desde 2015.
A gare inferior do ascensor da Nazaré está valorizada com um painel de cerâmica com 25 metros quadrados onde há referência a vários temas relacionados com aquela vila piscatória. Este trabalho de cerâmica contemporânea é da autoria de Mário Reis e foi desenvolvido no final de 2015.
Esta obra de arte pública foi a resposta ao primeiro desafio que os responsáveis daquela localidade fizeram ao artista. Seguiu-se uma exposição no Forte São Miguel Arcanjo que decorreu no início de 2016 e que se tornou numa instalação de gaivotas fixa, hoje pertença do espólio do Forte. “Tenho produzido também peças mais pequenas para a marca Praia Norte, que estão à venda no forte e na loja Praia Norte na Nazaré”, disse o ceramista à Gazeta das Caldas. Ainda em 2016 Mário Reis criou esculturas com a temática do surf a convite de Garret McNamara, para serem oferecidas como troféus na Gala Red Chargers a alguns surfistas que se destacaram na Nazaré.
“Estou neste momento a trabalhar em quatro painéis com cerca de 5 metros quadrados cada, que serão colocados na gare superior do ascensor em que todos eles abordam o universo da Nazaré que vai desde as suas tradições ao surf”, contou o ceramista.
Mário Reis diz que está muito satisfeito com os convites daquele município para continuar a desenvolver arte pública na vila e pelo facto dos seus painéis ficarem num espaço onde já se encontra um painel de ferro de Ferreira da Silva.
O ceramista considera que a actual equipa que está à frente do município da Nazaré “tem feito um trabalho notável” pois tem sabido promover o surf e as ondas, sem esquecer a área da cultura e das tradições locais. Apostando na arte pública “oferecem a quem visita mais do que praia e ondas, dando a conhecer um pouco das suas raízes”, disse. O ceramista acha que o município nazareno tem apostado em talentos individuais em benefício do coletivo que é a Nazaré. “Fico muito satisfeito por fazer parte desta estratégia cultural e o meu trabalho fazer parte desse património”, acrescentou.
Naquela vila piscatória, as obras de Mário Reis têm grande visibilidade dado que pelo ascensor passam anualmente cerca de 1 milhão de visitantes por ano. O Forte da Nazaré, por seu lado, é visitado por perto de 200 mil pessoas e, além destas visitas, é usado como cenário para reportagens pelos meios de comunicação nacionais e internacionais.
As peças de Mário Reis são registadas em várias reportagens como foi o caso do programa televisivo americano “60 minutes” do canal CBS, onde Andersen Cooper entrevistou os surfistas Hugo Vau e Andrew Coton, no muro junto às suas gaivotas. Por causa desta visibilidade, o artista é contactado por gente de todo o mundo que passam pelo forte e pelo ascensor, “umas para me felicitarem pelo trabalho, outras que manifestam interesse em adquirir peças”, rematou.
“Imersão de Letras” de Mário Reis é a primeira peça da segunda colecção de cerâmica, lançada pela Gazeta das Caldas sob a temática das Termas das Caldas. Custa 30 euros para os assinantes do jornal e 35 euros para o público em geral.