Novo museu na Serra d’El Rei evoca D. Pedro I

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Um moderno edifício piramidal foi construído no que era o quintal do Fórum Serra – uma construção centenária que foi reabilitada há dois anos para nela ser instalada a Junta de Freguesia. É o Museu D. Pedro I e abriu a 14 de Fevereiro com uma exposição dedicada à presença naquela região do rei e do seu amor, D. Inês de Castro. A obra custou 150 mil euros e é uma forma de aumentar a atractividade da única freguesia penichense sem praias.

A história do mais famoso romance português – entre D. Pedro e D. Inês de Castro – é bem conhecida da maioria das pessoas e liga-se à Serra d’El Rei porque entre 1346 e 1352 o casal instalou-se nesta região onde terá vivido os anos mais felizes e calmos da sua vida, longe da corte e fora das principais estradas do reino. Crê-se que os três primeiros filhos do casal nasceram nesta região.
Com o rei instalado no Paço da Serra a Par da Atouguia (como era conhecida aquela zona antes do século XVI) e a sua amada no Palácio de Moledo (Lourinhã), os seus encontros deram origem a uma das mais famosas lenda da terra: a das ferraduras ao contrário. Conta-se que D. Pedro, a coberto da noite, seguia da Serra para o Moledo e que ferrava o seu cavalo com as ferraduras ao contrário, para despistar possíveis perseguidores.
Daí que no museu existam ferraduras nas paredes e no chão e que, à entrada, na zona de merchandising, se encontrem os tradicionais biscoitos em forma de ferradura (além de canecas, livros, t-shirts e canetas).
O novo museu localiza-se no quintal da antiga habitação centenária do Dr. Lima, uma das casas mais antigas do lugar. O terreno e a casa custaram 200 mil euros. A reabilitação do imóvel, que agora alberga a sede da Junta da Freguesia e a construção do novo museu, totalizam um investimento de meio milhão de euros, suportado pela Câmara de Peniche.
Segundo Jorge Amador, presidente da Junta da Serra d’El Rei, que deu início a este projecto em 2009 quando era então vice-presidente da Câmara de Peniche, a construção do fórum e museu representou um investimento barato porque foi feito por administração directa. “Se fosse por concurso, o valor iria disparar para mais 50%”, disse.
O autarca fez notar que o fórum e museu se enquadram na política de atractividade da única freguesia do concelho que não tem praias.

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PROJECTO FOI ALTERADO

Jorge Amador contou à Gazeta das Caldas que o edifício não era para ser construído onde está, mas sim para ficar colado e dar seguimento à casa que foi recuperada para ser sede da Junta. No entanto, entendeu-se que essa ideia diminuía a beleza do edifício centenário pelo que localizaram o museu uns metros ao lado e criaram um largo com jardim em frente ao fórum.
No rés-do-chão, depois da entrada, existe uma galeria de exposições onde pode ser apreciada uma mostra que evoca a presença de D. Pedro e D. Inês na região.
A mostra reúne duas esculturas de José Aurélio. “Pedro e Inês” é uma cara, feita em bronze, que numa das faces tem o rei e na outra tem a rainha. A outra obra é o trono do rei, feito em madeira.
Também lá encontramos uma escultura de Susana Correia, com azulejo vidrado, que é a marca da freguesia e seis gravuras relativas ao amor do casal feitas por Charles Chandal (séc. XIX).
Dois trajes de cena que replicam as vestes do casal, e que foram cedidos pelo Museu Nacional de Teatro, estão colocados perto de uma parede em que se explora este amor nas artes e nas letras, e onde estão livros e fotografias de espectáculos audiovisuais, momentos de poesia, dança e teatro. Ao lado está um óleo de Condeixa com o casal abraçado.
Numa outra parede colocam-se em diálogo gravuras antigas dos reis com a modernidade da representação que Luís Pinto Coelho conferiu às suas pinturas.

O PAÇO REAL

Uma placa do rancho folclórico local, datada de 1984, apresenta uma pintura do Paço Real e pode ser apreciada na mesma sala onde estão também alguns vestígios dessa edificação que foi, presumivelmente, construída no século XVI.
A vila desenvolveu-se em torno deste património, que é o mais importante edificado na vila, que albergava os reis nas suas estadias para caçadas e pescarias.
A região tem vestígios do Jurássico nas grutas das Cesaredas, mas é a partir do séc. XIV da nossa era que há mais registos sobre a sua História. D. Pedro I ajudou a povoar o lugar e concedeu aos seus habitantes vários privilégios, como o acesso a comida e a isenção de impostos e de ir à guerra.
De estilo gótico, o edifício terá sido inicialmente apenas um corpo rectangular com vãos de arco. Mais tarde, no final do século XVI, o imóvel – classificado desde 1939 como de Interesse Público – foi comprado pelos Condes da Atouguia, que ali passaram a residir até ao processo de confiscação dos bens.
Nos últimos dois séculos e meio o Paço passou pelas mãos de vários privados e actualmente é um negócio de turismo de habitação.
Na mostra é também dado a conhecer o restante património da freguesia, como o Santuário de N. Sra. do Amparo, a Igreja de São Sebastião, os moinhos de vento, os fornos de cal e as fontes. Algum desse património foi reproduzido por João Rocha de Sousa em miniaturas, de madeira e outros materiais, que estão expostas.
Na galeria ouve-se música referente à história de Pedro e Inês produzida por autores como Sérgio Godinho e Manuel Freire. A música foi compilada num livro com CD por Carlos Clara Gomes e está disponível na entrada do museu.
No primeiro andar está uma sala de exposições temporárias, que vai receber uma exposição de fotografias inéditas de Amália Rodrigues.
O museu está preparado para invisuais, com a informação em Braille. A entrada custa 1 euro por pessoa.

 

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