A nova fase do Museu José Malhoa

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O Museu José Malhoa, nas Caldas da Rainha, está a iniciar uma nova fase. Um momento de ressurgimento, de metamorfose, tão ansiado por inúmeros admiradores do imenso pintor.
Aquela Casa vive agora os primórdios de um novo esplendor, com um dinamismo – até então inexistente – alicerçado na força intelectual daquelas abelhas operosas que vivem o seu dia-a-dia. E são muitas, e muito bem conduzidas.
Logo ao entrar vislumbramos a imagem do claustro e, nele, a herma solene e austera do melhor pintor de Portugal. Percebemos, então, o que nos aguarda, a sobriedade inaudita que repousa em suas paredes e em seus corredores, elevados nomes, da pintura e da escultura, consagrados em suas épocas e respeitados, perpetuamente, por seu talento. A par disso, encontramos inúmeras obras do Patrono do Museu: óleos sobre tela, desenhos a carvão e desenhos a pastel.
Que honra para a cidade das Caldas da Rainha, em possuir tão elevada instituição de cultura. O Museu José Malhoa nasceu com dimensão nacional e é o primeiro museu em Portugal, e dos primeiros na Europa, cujo edifício foi construído expressamente com fins museológicos. É, também, o único museu lusitano representativo do Naturalismo em solo português. Com um significativo núcleo de obras de José Malhoa, merece ser visitado, contemplado e bem divulgado (está há anos na obscuridade, e poucos são aqueles que ao percorrerem o concelho se apercebem da existência desse espaço museológico, repositório de tanta riqueza pictórica e escultórica).
O visitante do Museu José Malhoa encontra, além da boa educação e excelente atendimento de todos os que ali exercem sacerdócio, uma Biblioteca que, a meu ver, deveria ser um repositório sobre o Mestre, porém, a mesma quase nada possui a seu respeito. Se quisermos ler sobre José Malhoa a literatura disponível é mínima. E a que existe em arquivos, considerada pesquisa de apoio, não está em condições de ser manuseada pelo público, pois, não foi, até então, devidamente catalogada e protegida dos amigos do alheio.
A nova e atual direção, enquanto estiver em funções, possui qualidade suficiente para reestruturar o acervo literário de José Malhoa, para isso necessita encerrar a Biblioteca à visitação pública e iniciar um delicado processo de resgate e catalogação do pouco que possui. A par disso, deve deslocar um de seus melhores investigadores até aos maiores centros de cultura do país, incumbindo-o de adquirir toda a bibliografia que falta. Será um trabalho de fôlego, porém, fundamental para uma Instituição como essa, que ostenta em sua fachada o nome de tão ilustre personalidade.
Sem querer ferir suscetibilidades – pois tenho vários amigos espalhados pelos partidos locais – peço uma gentileza à classe política: afastem-se do Museu José Malhoa. Não me levem a mal, mas, V. Excias em nada podem contribuir para com o crescimento daquela Instituição. O Museu José Malhoa é da população mundial, dos artistas e, principalmente, de todo aquele que ama e venera o Melhor Pintor de Portugal!

Rui Calisto