Sandes de Courato

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Lagoa

Manda a prudência e a sabedoria popular que não se diga “desta água não beberei”. Nunca em intervenções públicas me referi ao problema da sustentabilidade da Lagoa de Óbidos e ainda não será desta que “beberei dessa água”.

Sobre a Lagoa diz-se muita coisa, alguma acertada, mas também muita palermice ideologicamente desfocada e não tenciono contribuir com mais ruido nessa discussão que muitas vezes mais parece de surdos com grandes egos do que (como deveria) de técnicos.
Apesar desta minha posição não posso deixar de assinalar nesta crónica a notável contribuição do Conselho da Cidade para a visibilidade dos problemas da Lagoa – falo da instalação do Centro de Interpretação para a Lagoa de Óbidos. Mesmo que em todos os seus anos de existência o Conselho não tivesse tido mais nenhuma realização (e teve muitas e boas) só esta iniciativa no âmbito do Orçamento Participativo Nacional justificaria a sua existência. Aqui ficam publicamente os meus parabéns!
A primeira sessão pública de apresentação do projecto decorreu no passado dia 21 de Junho. Apesar da chuva, sala cheia e assistência participante, demonstrando o enorme interesse da iniciativa; excelente condução dos trabalhos pela representante da entidade promotora – a Liga para a Protecção da Natureza (LPN). Fica aqui só um conselho para as próximas iniciativas: parece-me muito importante que no início dos trabalhos se defina claramente o âmbito dos mesmos, o tema é tão lato e apaixonante que se corre sempre o risco de a discussão divergir, como aconteceu desta vez, perdendo-se objectividade e foco.
Da toda a sessão o que de mais importante realço é a abertura e postura da LPN em adaptar, dentro das limitações orçamentais, o projecto àquelas que são as expectativas das partes interessadas e não em impor soluções pré-formatadas.
Esteve mal a autarquia de Óbidos que não se fez representar, esteve muito bem a Vereadora de Caldas da Rainha. Foi a primeira intervenção pública de Maria João Domingos a que assisti e embora, confesse, estivesse de início com alguma má vontade, pois acho sempre que os atrasos dos nossos eleitos são uma demonstração de menor consideração para com os eleitores e a Senhora Vereadora atrasou-se 25 minutos, essa impressão inicial dissipou-se após a intervenção. Estamos habituados a que os membros do executivo municipal aproveitem todas as aparições públicas para nos brindar com enormes considerações laudatórias a propósito do seu excelente trabalho e de como temos a incrível sorte em ter tão empenhados autarcas a trabalhar para o nosso bem-estar e risonho futuro. A Vereadora Maria João, ao contrário foi comedida, objectiva e eficaz na intervenção. Parabéns para ela também e votos de que assim permaneça.
Foi divulgada, na sessão, a informação de que a sede do Centro de Interpretação vai ficar na Foz do Arelho e que a Câmara está efectivamente empenhada em encontrar um local indicado. Mais uma nota positiva.
Para terminar…
Tenho reparado que estão a ser substituídos os velhos contentores verdes do lixo por outros, novinhos em folha, cinzentos. Gosto, têm uma cor mais bonita, além de terem provavelmente outra vantagem… o cinzento não deve deixar tão aparente o sujo, porque, convenhamos, a cidade (das termas e da cultura como se apregoa) tem um problema de manutenção dos contentores que normalmente não estão suficientemente limpos.
Falando ainda dos contentores, faz-me confusão que, por um lado se façam homenagens oficiais à Rainha, constantemente se enalteça o seu legado e depois a “coloquem no lixo”.

João Diniz
joaodiniz@joaodiniz.pt

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