Victor Rui Dores (n.1958) celebra 60 anos de vida e 40 anos de poesia – começou em 1978 com «Poemas de fogo e mar». O título do volume de 262 páginas recorda Verlaine (De la musique avant toute chose) e o facto de o autor ter dezenas de poemas seus musicados por compositores como Zeca Medeiros, Sérgio Luís Paixão, Luís Alberto Bettencourt, José Amorim de Carvalho, Fernando Goulart, Emiliano Toste, Custódio Castelo, Chico Ávila, Carlos Alberto Moniz, António Severino e Antero Ávila. Além dos Grupos «Tributo» e«Ronda das 9», as canções de Victor Rui Dores são interpretadas por Armando Meireles, Arminda Alvernaz, Calos Alberto Moniz, Chico Ávila, Cláudia Amaral Pinho, Emiliano Toste, Gui Serpa, Iola, José Ferreira, Maria dos Anjos, Minela, Pilar Silvestre, Sérgio Luís Paixão, Sílvia Vasconcelos e Vera Melo. Um exemplo é «O boi do Mar»: «Vogando em botes ligeiros / nas ondas do mar deserto / navegaram baleeiros / na busca de um rumo incerto / fique a terra a barlavento / a baleia já avança…/ mar nos olhos, proa ao vento / vamos arpoar a esp´rança! / baleeiros, baleeiros / a memória inda perdura / sois os heróis derradeiros / da marítima aventura».
O ponto de partida desta poesia é a Ilha: «chuvas diluvianas / o céu estará ameaçador / e o tempo ficará cinzento. / o vento vai galopar à rédea solta. / o mar andará danado para galgar a terra. / e nós continuaremos para aqui: / encharcados de nevoeiro e humi(l)dade. / eternamente à espera / que se cumpram as escrituras.» O ponto de chegada é o Mundo: «sonho que sou pianista / e para ti toco uma sonata de Beethoven. /descansa o teu olhar em mim, meu amor. / esquece a aragem fresca da noite / e olha as minhas mãos que seduzem / os meus dedos que cantam / e escuta a cadência do instante absoluto.»