A Rua: espaço essencial de transmissão e de partilha da nossa cultura

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Gazeta das Caldas - RUA
Exemplos de RUA na cidade das Caldas da Rainha

No contexto da cidade atual, podemos afirmar que «A Rua» é o palco do Humano onde múltiplos senários se confundem e se confrontam. O desafio do futuro é de conseguir responder de forma global e neste espaço da Rua, que por definição representa a mobilidade e o movimento, simultaneamente às exigências do urbanismo, da arquitetura, da sociedade, da civilidade e da governança. Por essa razão se torna necessário e urgente de organizar, de reabilitar e de prever as novas formas de coabitação e de adaptação multifuncional do espaço da Rua na cidade das Caldas da Rainha.
Hoje, nesta cidade, a «Rua» é a via funcional, expressão de uma acessibilidade condicionada. Ousaria mesmo dizer que a «Rua» foi concebida como elemento de composição do desenho urbano, ao qual podemos classificar apenas de «Infraestruturas».
A questão da «Rua» é primordial para o desenvolvimento estratégico desta cidade e merece toda a nossa atenção. Ela representa, mais do que no passado, os alicerces da nossa sociedade e é representativa dos cidadãos e dos nossos valores.
Hoje um dos conceitos que se expande é «Walkability» pois o caminho da sua reflexão conduz ao desenvolvimento sustentável das cidades. Este conceito não aborda unicamente a questão da capacidade que uma RUA tem em oferecer a possibilidade de nos movimentarmos. Ele engloba as questões: económicas, sociais, ambientais, de saúde e de segurança públicas.
As escolhas na conceção do espaço «Rua», como: o tipo de ocupação funcional e de repartição «Equitable» do espaço; a integração: urbana, arquitetural e patrimonial, ambiental e da mobilidade; o desenho; a hierarquia e a morfologia, definem no seu conjunto, da atratividade da cidade e são a chave para um desenvolvimento sustentável e viável da mesma.
Como imagina a Sua Rua? Aquela que percorre para ir trabalhar? Aquela que o transporta para levar os filhos à escola? Aquela onde partilha momentos entre amigos ou ainda… Aquela onde se perde passeando na cidade?
A temática da Revolução industrial é inatual e com ela, um conjunto de modos de vida. Atravessamos agora uma nova era: a da revolução tecnológica e a dos Dados.
Assim, nalgumas cidades, imaginam-se Ruas numéricas e conectadas. Noutras a Rua é uma prolongação do espaço privado, da habitação e dos equipamentos: aqui a multifuncionalidade e a multimodalidade funcionam como espaço partilhado, mas naturalmente, cada função encontra o seu lugar e responde de forma eficaz às necessidades. Noutras ainda Ela é Jardim, Praça ou…!

Gazeta das Caldas
Exemplos de renovação da RUA em cidades europeias

Hoje, pela morfologia urbana e o desenho da cidade, procura-se ou aspira-se a ser um ator representativo de vida que não se deseja mais a ser vivida de forma submetida.
Mas aqui ainda é doce de viver!

A Rua estrutura o desenho da nossa cidade e permite de definir: a tipologia de ambientes criados, a sua organização funcional e espacial assim que a sua forma de crescimento e os seus princípios de desenvolvimento. Ela é o instrumento através do qual podemos ou não: orientar, ligar, irrigar, aceder aos diferentes espaços e aos espaços entre eles. Mas como e de que forma? A resposta é esta questão, representa uma oportunidade única para a cidade das Caldas da Rainha.
Nesta cidade, como em muitas outras cidades, a «Rua» é sinonimo de viatura particular! Privilegiar este modo de acessibilidade para aceder ao conjunto dos espaços públicos e privados, dos equipamentos e dos comércios; Para atravessar e contornar o centro da cidade; Para maximizar a oferta em estacionamento; Para inserir barreiras, limites e cruzamentos… Este cenário corresponde a uma época!
No epicentro da cidade, a estação ferroviária das Caldas da Rainha com as vias férreas que traspassam a cidade são também o espelho das verdadeiras questões urbanas em matéria de acessibilidade. O desenho, a conceção e a inserção urbana qualitativas da «Rua» nesta cidade, permitiriam de criar a malhagem, a permeabilidade e a porosidade necessárias!
As orientações tomadas foram decisivas. Elas conduzem-nos à reflexão sobre as consequências. Algumas destas consequências refletem por exemplo: a expansão urbana linear e multicelular; a localização estratégica e o número de superfícies comerciais; as condições da acessibilidade para todos; a descontinuidade urbana; a conceção do espaço público; as entradas da cidade.
Propor debates e planos de ações adaptados aos cidadãos e á cidade são fundamentais. Percorrer a cidade com qualidade é vivifica-la. Cada passo que damos, criamos e transforma-mos o espaço.
Esse espaço é de nós todos, e idealmente, para todos nós.

Cláudia Dias