No rescaldo das polémicas eleições, que envolveram duas urnas, acusações e conflitos, listas lideradas por José Godinho e Pedro Pombo impugnam
Foram provavelmente as mais participadas e certamente as mais polémicas eleições no Centro de Educação Especial Reabilitação e Integração de Alcobaça (CEERIA). O ato eleitoral começaria às 18h00 do dia 27 de dezembro, na sala da antiga carpintaria, mas começou logo com uma polémica e, entre trocas de acusações, conflitos e queixas em tribunal, terminou às 3h00 da madrugada, com a impugnação por parte das duas listas candidatas e com os sócios a pedirem a repetição da eleição.
Antes da assembleia foi necessário definir quem ocuparia a mesa, dado que a presidente e o primeiro secretário haviam apresentado demissão anteriormente. Mas a primeira polémica foi com o aparecimento de mais sócios do que os que estariam na listagem entregue à lista de Pedro Pombo. Seria cerca de mais uma centena de sócios que teriam regularizado as quotas nos dias 26 e 27 de dezembro.
Após conturbada discussão, o associado Fernando Figueiredo Santos acabou por ser identificado pela Polícia de Segurança Pública, chamada ao local por José Godinho.
Depois desta primeira polémica, a assembleia acabou por definir um ato eleitoral com duas urnas, uma com os votos dos sócios que estavam na primeira listagem e outra para os votos de quem havia regularizado as quotas após o envio da mesma.
O ato eleitoral, que deveria durar até às 20h00, acabou por se arrastar, num clima sempre tenso, até ao último associado votar, perto das 23h00. Houve casos de pessoas impedidas de votar, por não cumprirem os requisitos dos estatutos, houve casos de quem fosse votar por representação, mas sem saber o nome de quem representava e casos de quem quisesse votar por representação em nome de quem já havia votado presencialmente.
A assembleia admitiu ainda a possibilidade de terem havido votos colocados em urnas erradas.
Pouco depois da meia-noite os votos estavam contados. Os dois candidatos e representantes das duas listas foram chamados e reuniram no interior de uma sala.
Já depois da 1h00 começaram a ouvir-se gritos de exaltação vindos do interior da sala, sendo possível ver José Godinho a ser agarrado e levado para o exterior, após um conflito com Fernando Azeitona.
Momentos depois é revelado o resultado da votação e a decisão das duas listas. O resultado é de 104 votos para Pedro Pombo e 102 para José Godinho, com 1 branco e três nulos, na primeira urna (da listagem de 23 de dezembro) e de 68 votos a favor de José Godinho e um nulo na segunda urna (dos sócios que regularizaram as quotas nos dias 26 e 27 de dezembro).
Segundo a ata (dado que José Godinho não voltou à sala), este terá afirmado que “perante este sistema de votação anormal” iria impugnar o ato eleitoral.
Também Pedro Pombo informou que iria impugnar o ato eleitoral da urna referente aos votos posteriores a dia 23, porque só teve conhecimento dos cerca de 100 associados depois da hora de início do ato.
Ricardo Braga, da lista de José Godinho, frisou que “estatutariamente e perante a convocatória da assembleia não há um impedimento que os associados tenham pago as quotas tal como o fizeram”.
Já Bruno Letra, da lista de Pedro Pombo, realçou que “não nos foi comunicada a existência de uma lista concorrente no momento da abertura do ato”.
No final, e perante o cenário de uma não resolução da situação, um grupo de 29 sócios presentes pediu uma nova eleição ao presidente da Mesa da Assembleia interino, José Júlio Caldeira, ao abrigo dos estatutos da instituição, mas este decidiu que não haveria lugar a tal recurso, dado que as duas listas expressaram vontade de impugnar o ato.
Agora serão acionadas as entidades competentes, nomeadamente a Segurança Social, havendo também vários processos a correr em Tribunal de parte a parte, mas também – informação divulgada durante as manifestações – processos por alegados desvios de dinheiro e faturas ilícitas e fraudulentas passadas a uma associada, tudo antes da atual direção. ■