Caldas e Óbidos integram Rede das Cidades Criativas da UNESCO para promoção do Turismo

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Responsáveis da Rede das Cidades Criativas do Centro
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Rede junta seis municípios e Turismo do Centro, num investimento de 1,4 milhões de euros, com o objetivo de estruturar uma oferta de turismo criativo inovadora

 

Caldas da Rainha (Artesanato e Artes Populares) e Óbidos (Literatura) integram os seis municípios que compõem a Rede das Cidades Criativas da UNESCO, um projeto que tem por objetivo estruturar uma oferta inovadora de turismo criativo com impacto a nível regional e nacional. Com um investimento total de 1,4 milhões de euros, e o apoio da Turismo Centro de Portugal, o consórcio é liderado pela Câmara Municipal da Covilhã, onde também foi apresentado o projeto. Este prevê a concretização de ações organizadas conjuntamente pelos diversos parceiros da rede, como exposições, programas de residências artísticas ou sinalização dos itinerários turísticos, entre outras. Cada município organizará ações específicas, cabendo ao Turismo de Portugal assegurar ações de comunicação, de projeção internacional e de capacitação e dinamização da rede.
Para a vereadora da Cultura da Câmara das Caldas, Conceição Henriques, esta cidade “seguramente beneficiará duma estratégia turística comum, assente na criatividade dos seus agentes, gerando uma oferta com ganhos de escala e que amplia a relevância de cada território per si, com benefícios no plano cultural, turístico e económico”. Autarca considera que, juntamente com as cidades que compõem a rede, será também muito importante a participação da Turismo Centro de Portugal, que assegura as ações de comunicação, de projeção internacional e de capacitação e dinamização da rede, como uma mais valia que permite alargar o alcance da rede e o trabalho desenvolvido por cada uma das cidades. Além das Caldas e de Óbidos, participam no projeto Castelo Branco (Artesanato e Artes Populares), Covilhã (Design), Idanha-a-Nova (Música) e Leiria (Música).

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Os projetos locais
Caldas da Rainha vai dinamizar três ações-piloto. Será implementado um programa de residências artísticas internacionais, que pretende criar uma plataforma de intercâmbio que assume a criatividade e a criação artística como um espaço de atuação e diálogo multidisciplinar e multiterritorial. “Este programa, a par da criação artística, poderá também contribuir para a programação cultural da cidade”, explica a vereadora da Cultura.
Considerando a crescente procura de experiências autênticas que possibilitem uma aprendizagem participativa, será criado um programa cultural de experimentação criativa, cujos destinatários são os turistas, visitantes, comunidades locais, educativas e especialistas. Este programa será desenvolvido em espaços já inseridos no circuito turístico e em iniciativas de natureza cultural e artística do concelho, relacionando-o com todo o capital criativo das Caldas da Rainha. Está ainda prevista a concretização de um Passaporte Criativo, que contempla a criação de uma plataforma de visitação facilitadora da integração de comunidades imigrantes. Com este projeto, a autarquia pretende “trazer à participação cultural franjas da população normalmente afastadas da vida cultural e artística, promovendo o conhecimento mútuo e medidas de integração, o que contribui para uma cultura mais acessível e inclusiva”, concretiza a autarca.
Para a vereadora da Cultura da Câmara de Óbidos, Margarida Reis, a Rede das Cidades Criativas da UNESCO traduz-se no “cruzamento de diferentes identidades que vão potenciar cada um dos seus territórios mas, e acima de tudo, uma região. E é aqui, com este objetivo – de nos unirmos como uma região forte e posicionada em termos criativos e também turísticos – que nos situamos”. Também este município tem já preparadas duas ações-piloto para desenvolver: os “Laboratórios de Memórias – Viajar pelo passado, presente e futuro” e “Rota Literatura em Viagem”. A primeira ação é um projeto participativo que pretende registar e dar a conhecer as várias perspetivas da história do território de Óbidos e das pessoas que o habitam, no universo da Literatura, com destaque para a palavra escrita, falada, cantada e dançada. Tem como objetivo mapear a história e a memória do concelho. Já a “Rota Literatura em Viagem” é um projeto que tem como objetivo “a organização e estruturação de um produto de turismo criativo, através da criação de uma rota literária na região Centro”. “Serão mapeados todos os “espaços literários” e identificados “autores” de todos os municípios envolvidos, que reúnam condições de visitação, e serão dinamizados eventos literários e outras iniciativas associadas à literatura. “A estruturação da rota terá em consideração os ativos e recursos (operadores, empresas privadas, espaços públicos) que funcionam como ativadores da procura turística e têm uma componente de experimentação e criatividade”, explica a autarca.

Uma década de Vila Literária
Distinguida como Cidade Literária desde 2015 pela Unesco, Óbidos definiu toda uma estratégia e o compromisso de olhar para os livros e para a Literatura como uma das principais forças de desenvolvimento económico deste território, explica Margarida Reis. Velhos espaços, abandonados, encontraram a partir desse momento uma nova função, o que resultou na abertura de um conjunto considerável de livrarias temáticas. “Quando, em 2013, foi aberta a maior livraria portuguesa dentro de uma igreja, chamámos a atenção para as novas configurações entre espaços e atividades, e entre talentos locais e de fora”, refere, acrescentando que este projeto trouxe um “posicionamento muito interessante para Óbidos, não só pela sua relevância cultural, mas também pela diferenciação turística, económica e educativa”. A autarca considera que a Óbidos Vila Literária desempenha um papel fundamental na coesão social do território, envolvendo os residentes do município e da região, estendendo-se inclusivamente a outros municípios e agora, mais recentemente, aos municípios que integram a região Centro. O plano de atividades tem a “preocupação da inclusão social, da integração e colaboração das escolas, politécnicos e universidades, alunos, professores e investigadores”, destaca, acrescentando que, partindo do livro e da leitura, o plano abrange as diferentes áreas do saber, do conhecimento e das artes. No próximo ano irá assinalar uma década de vila literária com uma programação especial. “Será uma oportunidade de destacar conquistas e reforçar o compromisso com o crescimento e a continuidade deste legado”, refere a autarca à Gazeta das Caldas.

Aumento de criativos a trabalhar na cidade
Caldas da Rainha integra a Rede de Cidades Criativas da UNESCO, ao nível do Artesanato e Artes Populares, desde 2019. De acordo com a vereadora Conceição Henriques, embora não existam estudos específicos sobre o impacto que a distinção trouxe, “é visível o aumento substancial do número de ceramistas, de oleiros, de designers (e de outros autores em áreas da criatividade abarcadas pela designação) a trabalhar na cidade”. De acordo com a autarca, passaram de cerca duas dezenas para mais de uma centena de autores, com atividade regular, mantendo-se uma dinâmica de crescimento. “Olhando para estes números, deduzimos como positivo o impacto na perspetiva da produção, repercutindo-se, certamente, no tecido empresarial, dinamizando a atividade turística como um todo, e, em particular, a que se alicerça nas dimensões cultural e criativa da nossa cidade”, concretiza.
Integrado na regeneração urbana para o centro da cidade, a autarquia está a desenvolver dois projetos que potenciam a fixação de capital criativo: a reabilitação de um edifício no centro histórico, para disponibilizar casas a jovens criadores a rendas controladas, e a criação de um hubcriativo nas instalações de uma antiga fábrica de cerâmica. Ainda de acordo com a vereadora Conceição Henriques, o Masterplan termal, que abrange a área do Parque D. Carlos I, o Jardim e a Mata Rainha D. Leonor, a Quinta da Boneca, o Núcleo Histórico das Termas, o Centro de Artes e o Museu da Cerâmica, “desenha uma relação cultural e socialmente eficiente entre todas a dimensões da cidade, incluindo a criativa, a partir das suas componentes paisagísticas, ambientais e funcionais, abrindo novas possibilidades na vivência e fruição da cidade”. Por outro lado, o projeto do Bairro Comercial Digital terá também impacto nesta área. “Interessa-nos muito que as pessoas venham às Caldas experimentar e conhecer toda a nossa criatividade, mas não podemos ignorar as potencialidades que estas novas ferramentas podem significar para a “exportação” do Made in Caldas da Rainha para o resto do mundo”, explica, destacando o impacto económico daqueles que trabalham a criatividade e que poderão ganhar uma escala global. ■

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