A pandemia do coronavírus levou à suspensão dos eventos da Semana Santa em Óbidos, que atrai milhares de pessoas à vila, nomeadamente muitos espanhóis. Estão igualmente suspensas as missas e os velórios e restrito o número de pessoas nos funerais.
A Semana Santa de Óbidos atrai, anualmente, milhares de fiéis e turistas a Óbidos, cerca de um terço oriundos de Espanha. Tendo em conta essa realidade, e neste contexto da pandemia, “querer manter o programa litúrgico, religioso e cultural tal como estava seria uma grave irresponsabilidade”, explica o pároco de Óbidos, Ricardo Figueiredo, à Gazeta das Caldas.
O programa cultural e religioso foi cancelado, enquanto que o litúrgico (missas e celebrações), será adequado às normas que estiverem em vigor na altura. “Se forem recomendadas as celebrações sem participação dos fiéis leigos, assim se realizarão”, explica o sacerdote, destacando que esta foi uma decisão difícil de tomar, mas que se impunha no actual contexto.
Ainda à espera das orientações da hierarquia da Igreja sobre como assinalar este período com os fiéis, o pároco Ricardo Figueiredo está, no entanto, já a colaborar com a Paulus Editora na criação de conteúdos para as pessoas viverem em família os dias da Semana Santa. Na paróquia, fará a transmissão das celebrações litúrgicas da Semana Santa pela página do Facebook das Paróquias (Paróquias de Óbidos, A-dos-Negros e Gaeiras).
Embora não se realizem publicamente celebrações litúrgicas, as igrejas de Óbidos permanecem abertas para que quem quiser entrar e rezar, tenha essa oportunidade.
As celebrações estão suspensas, a nível nacional, desde 13 de Março e, dois dias depois, em Óbidos, a missa de domingo, passou a ser transmitida via Facebook, a partir da Igreja de São Pedro. Desde a passada terça-feira, 24 de Março, que é transmitida diariamente, de segunda a sábado, a missa às 12h00 e a Exposição do Santíssimo Sacramento e terço às 21h00. De acordo com o padre, a recepção tem sido “muito boa, com várias centenas de pessoas a acompanhar estes momentos de celebração e oração”. No entanto, “convém assinalar a respeito da missa, assistir à celebração pela televisão, rádio e internet não é a mesma coisa que estar presencialmente”, destaca.
O pároco realça a consciência de responsabilidade social da Igreja Católica, lembrando que, segundo os últimos cálculos, em todo o país participam cerca de três milhões de pessoas nas missas de domingo.
MEDIDAS RESTRITIVAS PARA FUNERAIS
Os velórios estão suspensos e, entre as medidas restritivas para os funerais, estão a limitação a um máximo de 10 pessoas e a recomendação para a não abertura da urna. Estas as regras impostas pelas autarquias, que se juntam às orientações eclesiásticas. A Vigararia de Caldas da Rainha-Peniche deu indicações para que o corpo do defunto fique na capela mortuária, fechada, sem ninguém, e que, “caso a família queira realizar o velório, este deve decorrer uma hora antes da partida para o cemitério”, não podendo lá estar mais de 10 pessoas em simultâneo.
A celebração religiosa constará apenas de uma breve celebração da palavra e encomendação, já feita no cemitério, apenas com os familiares. “No sentido de sermos todos parte desta acção conjunta para proteger a saúde de todas as pessoas, procuramos, da melhor forma, ajudar à consciencialização de todos para a necessidade de pôr em prática estas indicações”, conclui Ricardo Figueiredo.
CASA PAROQUIAL ACOLHE PROFISSIONAIS DE SAÚDE
A Casa Paroquial, situada na Amoreira, disponibiliza quatro quartos para médicos e enfermeiros que venham trabalhar para o CHO ou para os hospitais de campanha, durante a pandemia.
“Se for necessário ainda conseguimos arranjar mais espaço para instalar os profissionais de saúde”, disse à Gazeta das Caldas Marco Leotta, pároco da Amoreira, Sobral da Lagoa, Vau e Olho Marinho.