No ano em que se assinala o 50º aniversário do 25 de Abril, destacamos o papel da mulher na atividade política. E, se é certo que atualmente existem várias mulheres a exercer cargos políticos, e aqui a Lei da Paridade (um mal necessário como é comumente considerado) teve um papel fundamental, também é notório que os lugares cimeiros, nos partidos e nas autarquias, continuam a ser ocupados por homens. Dados da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, relativos a 2021, mostram que dos 308 municípios, apenas 29 têm uma mulher presidente de Câmara.
As mulheres ainda estão em minoria em cargos de poder e de tomada de decisão, ao nível político e económico, ainda ganham menos do que os homens e continuam a assegurar grande parte do trabalho não-pago, como é o caso tarefas domésticas e de cuidado. Uma realidade que precisa de ser alterada, sobretudo no acesso aos direitos que lhes estão consagrados, mas que, ainda assim, tem alcançado avanços inegáveis.
Nesta edição partilhamos testemunhos de coragem da luta de duas jovens estudantes que acabaram por ser presas, durante o Estado Novo, por participarem em manifestações contra os ideais do regime. Delas vem também a exaltação da importância da mulher ser livre e a preocupação, nestes tempos de democracia, que algumas conquistas alcançadas sejam colocadas em causa. Uma coisa é certa, assinale-se ou não a efeméride, todos os dias continuam a ser de resistência pela permanência dos direitos conquistados e, sobretudo, a sua implementação prática. ■