A solidão e a loucura nas grandes cidades

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As personagens que fizeram parte de “A Cidade” da dramaturga grega Lula Anagnostaki
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Alunos finalistas de teatro da ESAD.CR apresentaram peça final no CCC, perante plateia cheia

“A Cidade” da autora grega Lula Anagnostaki (1928-2017) foi a peça escolhida pelos alunos finalistas da ESAD.CR para ser apresentada a 24 e 25 de janeiro no pequeno auditório do CCC.
A peça abordou as vidas de pessoas perdidas em cidades cinzentas, invernosas e anestesiadas pela desumanização crescente. E mostrou o que se passa em três pequenos apartamentos onde se escondem pessoas alienadas e com incapacidades na relação com o outro. A doença mental também surge como reflexo da inépcia social que acaba por alastrar nas sociedades contemporâneas.
As sessões estiveram cheias para assistir à interpretação de um grupo de oito jovens, que se formaram nas Caldas e que agora partem para o mercado de trabalho.
A coordenação da peça esteve a cargo do docente Martim Pedroso, que contou que esta foi escolhida por se tratar de uma peça dos anos 60 do século passado e que refere a ocupação da Grécia pela Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial.
Apesar de não ser sobre a temática bélica aborda questões “sobre as relações pessoais numa cidade, sobre solidão e trauma”, disse o docente, que chama atenção para o facto de em pleno século XXI se vivem guerras como acontece na Ucrânia ou na Palestina. “Interessa-nos passar aos alunos que o teatro pode ser um lugar de cura onde há vozes que se podem espelhar no que se vive atualmente”.
Na sua opinião, as novas gerações de estudantes “têm tendência a rejeitar o que vem do passado pois têm muito mais referências do presente e do agora”.
Martim Pedrosa referiu ainda que na ESAD.CR apesar de ter foco na interpretação, há uma formação muito eclética que permite que possam trabalhar em profissões paralelas “em operações técnicas e de produção”.
Os jovens, formados na ESAD.CR, vão agora estagiar em companhias e grupos teatrais, nacionais e internacionais, ingressando no mercado de trabalho ligado à arte dramática. “Alguns preferem regressar a projetos que têm nas localidades de origem”, disse o docente que está na ESAD.CR desde 2021.
Martim Pedroso acha que o teatro “é um dos parentes pobres da cultura pois estamos sempre em crise”. Na opinião do docente há mais pessoas formadas no setor, no entanto, “os subsídios são poucos para apoiar os projetos”. ■

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