“Aqui” surpreende pois nele há igualdade e inclusão. Espetáculo assinalou o Dia Mundial da Dança no CCC
O espetáculo da Companhia de Dança CIM “Aqui” subiu ao palco do CCC, a 28 de abril, e não deixou ninguém indiferente. Dele fazem parte bailarinos profissionais e intérpretes com necessidades especiais que fizeram os mesmos movimentos e os mesmos gestos. Cada um faz os exercícios de dança e de expressão corporal conforme o seu corpo lhe permite. As próprias cadeiras de rodas, que pertencem a alguns elementos, são usadas como dispositivo cénico e servem para personagens competirem, para ver quem nelas se equilibra ou como apoio para outros momentos”.
“Sempre trabalhámos a arte, a deficiência e a comunidade”, disse o encenador, Pedro Senna Nunes à Gazeta das Caldas, antes da apresentação de “Aqui”. O tempo dá o mote a este espetáculo que já soma dez anos e que tem sido apresentado por todo o país. Na sua conceção também se trabalharam os medos dos intérpretes, tendo-se constatado um denominador comum: o medo da água. E é por isso que surgem imagens de vários elementos debaixo de água pois todos concordaram em enfrentar esse receio. Além do vídeo, “Aqui” vive de momentos de performance, de luz e de sombra e que ajudam e sublinham momentos de luta, de reunião e de afeto, num espetáculo onde todos são iguais e que visou assinalar o Dia da Dança. “Trabalhamos com a multi-deficiências e temos espetáculos onde participam cegos e a comunidade surda”, referiu o responsável da companhia CIM, cuja estrutura também dá formação e possui projetos pedagógicos.
“Isto não é terapia, isto é um trabalho profissional e remunerado para todos”, acrescentou o responsável, acrescentando que o grupo deu um workshop a bailarinos das Caldas e a elementos do CEERDL. A peça que conta com a colaboração da atriz Natália Luís, na dramaturgia, esteve em Vila Real e, depois das Caldas, seguiu para Estarreja.
Com co-direção artística de Ana Rita Barata, a CIM tem como parceiros Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa, a Vo’Arte e Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian. Já receberam distinções como o Prémio Acesso Cultura na categoria Acessibilidade Intelectual e o Prémio Nacional de Inclusão. ■