Festival Latitudes viajou na terra, no mar e no espaço

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Paulo Moura, Vanessa Rodrigues e Maria João Castro falaram sobre a Viagem ao Desconhecido
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Quatro dias de viagens escritas, faladas e ilustradas em mais de 20 actividades foi a proposta da terceira edição do Festival Latitudes – Literatura e Viajantes, que decorreu em Óbidos entre os dias 16 e 19 de Maio.
O evento, que terá continuidade no próximo ano, pretendeu atingir vários públicos e até foi às escolas com a representação da peça de teatro A Volta ao Mundo em 80 Dias.

A 20 de Julho de 1969 Neil Armstrong dava os primeiros passos na Lua. “Um pequeno passo para o Homem, mas um grande salto para a Humanidade”, como o próprio disse, ao pisar a superfície lunar. Este ano comemoram-se os 50 anos desta efeméride que esteve em destaque no encerramento do Latitudes, com uma conferência proferida pelo astrofísico Alberto Negrão.
O também professor no Instituto Politécnico de Leiria (IPL) apelidou-a da “viagem por excelência da espécie humana”, tanto pelos conhecimentos técnicos envolvidos, como pelo simbolismo que comporta. O astrofísico falou sobre as várias missões realizadas pela União Soviética e a América na corrida espacial, após a segunda Guerra Mundial, até que em 1969 a Apollo 11, a bordo da qual viajaram os astronautas Neil Armstrong, Edwin Aldrin e Michael Collins, consegue pousar na Lua. E destacou um pequeno pormenor: a primeira viagem à Lua tem também cunho português, pois foi uma emigrante lusa residente em Nova Jersey quem cozeu a bandeira americana que foi colocada em solo lunar.
Após esta missão, houve mais seis viagens à Lua com sucesso e que tiveram um carácter mais científico. Alberto Negrão destacou que ainda que a aventura científica deixou importantes sementes ao nível do desenvolvimento tecnológico, como a “miniaturização” das peças (que foram usadas nos computadores), as células fotovoltaicas, os alimentos congelados e desidratados e as máquinas de exercício físico.
O objectivo alcançado, a vontade política e o elevado custo das viagens ditou o esmorecimento do interesse por estas missões. Agora, e de acordo com o astrofísico, Marte é o planeta que se segue. Contudo, realça as dificuldades desta viagem, tendo em conta a distância desse planeta à Terra. Alberto Negrão é da opinião que antes de se pensar nessa aventura de 75 milhões de quilómetros, entre a Terra e Marte, se deveria equacionar a criação de uma base de lançamento de foguetões na Lua.

O astrofísico Alberto Negrão falou dos 50 anos do Homem na Lua

Formação de públicos

O evento que terminou com uma viagem pelo espaço, teve anteriomente testemunhos de percursos por terra e também por mar, associados à literatura. O jornalista Paulo Moura e a investigadora Maria João Castro propuseram uma Viagem ao Desconhecido, enquanto que o comandante do Navio-Escola Sagres, António Camilo, relatou a viagem de circum-navegação que irão fazer em 2020, incluída no programa das Comemorações do V Centenário da Circum-Navegação do globo (1519-1522), planeada e iniciada pelo navegador português Fernão de Magalhães e concluída pelo espanhol Juan Sebastian Elcano. Durante um ano, o Sagres irá passar por 24 cidades de quatro continentes e marcará presença, por exemplo, em Tóquio, durante os Jogos Olímpicos.
Em Óbidos os Urban Sketchers percorreram as ruas e ruelas, munidos de cadernos e canetas, captando algumas das suas singularidades.
O Latitudes irá ter continuidade no próximo ano e áreas como a gastronomia ou o cinema poderão também ser exploradas. “O evento não pretende ser muito grande, mas oferecer um programa de qualidade e diversificado, numa época do ano em que não existe uma oferta cultural forte”, explicou Paula Ganhão, responsável pelos serviços de cultura e turismo na Câmara de Óbidos.
Nesta edição, a organização procurou elaborar um programa que atingisse vários públicos, especialmente famílias, e foi visível a sua participação nos vários eventos. As escolas também foram abrangidas, com a apresentação de uma peça de teatro aos alunos.
Paula Ganhão destaca mesmo que um dos objectivos do festival é a formação de públicos. “Organizar eventos simplesmente para animar e não deixarmos um impacto duradoiro e significativo, que ponha as pessoas a pensar, não dará frutos no futuro”, disse à Gazeta das Caldas.
Este festival é totalmente suportado pela Via Verde, que também patrocina o Discovery Awards nas vertentes da fotografia, vídeo e literatura. O vencedor será conhecido no Folio e o seu trabalho será apresentado na próxima edição do Latitudes, tal como a vencedora do ano passado participou na mesa da conferência de blogs.

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