A primeira edição da Bienal de Pintura – Prémio Mário Botas vai realizar-se este ano, na Nazaré, numa iniciativa com que a autarquia visa homenagear o artista e incentivar a abertura do museu com o seu nome.
A Bienal de Pintura visa “homenagear o legado artístico do pintor Mário Botas e incentivar a criação artística, mas também contribuir com algum ímpeto para abertura do museu dedicado ao pintor, que tem vindo a ser sucessivamente adiado e que a autarquia gostaria que a Fundação [Mário Botas] pudesse agilizar para breve”, disse o presidente da Câmara da Nazaré, Manuel Sequeira, à agência Lusa.
A autarquia pensou em 2023 criar uma Bienal de Pintura “Prémio Thomaz de Mello”, mas deliberou em 2024 mudar o nome para Mário Botas, natural da Nazaré, cuja obra “marcou profundamente o panorama artístico português, promovendo o seu legado junto de novas gerações de criadores e do público em geral”, pode ler-se no regulamento aprovado pela Câmara.
O regulamento estipula que as obras admitidas em cada edição sejam expostas, nos meses de outubro e novembro, no Centro Cultural da Nazaré. Porém, Manuel Sequeira admitiu hoje à agência Lusa que “o regulamento possa ser alterado para que parte das obras possam ser expostas na Fundação Mário Botas FMB)”, instituída em 1983 pelo próprio pintor através do seu testamento público.
A fundação tem como missão dinamizar o museu que albergará a coleção de obras do seu fundador e, na opinião de Manuel Sequeira, “poderá albergar mostras de pinturas participantes na Bienal ou, se houver essa vontade, toda a exposição”.
A Bienal de Pintura Prémio Mário Botas é aberta a todos os artistas nacionais e estrangeiros que se dediquem à pintura e que podem concorrer com uma obra original, de tema livre.
As candidaturas estão abertas até ao dia 31 de julho e as obras serão selecionadas por um júri que integrará um representante da autarquia e dois elementos ligados às artes.
O regulamento prevê a seleção de 40 obras para serem mostradas numa exposição no Centro Cultural da Nazaré, nos meses de outubro e novembro, mas, segundo o presidente, “esse número poderá ser alargado para se estender a exposição à fundação”.
A Bienal institui ainda o prémio Mário Botas, no valor de 1.500 euros para a melhor obra de arte, 750 euros para o prémio revelação, e 500 euros para o prémio inovação.
Mário Ferreira da Silva Botas nasceu em 23 de dezembro de 1952, na Nazaré, terra dos seus pais e onde fez os estudos primários e secundários, como recorda a biografia patente na página da Câmara Municipal.
“Aluno brilhante, terminou o secundário com altas classificações e foi dispensado do exame de admissão à Faculdade de Medicina de Lisboa, onde ingressou em 1970. Licenciou-se com distinção em julho de 1975, mas quase não chegou a exercer Medicina”, acrescenta o mesmo texto.
Surpreendido por uma leucemia, em 1977, decidiu dedicar-se exclusivamente à pintura.
Mário Botas morreu em 29 de setembro de 1983 no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa.
Na sequência sua morte foi instituída a FMB, segundo testamento do artista, com a missão de divulgar a obra do pintor e criar uma casa-museu.
A família doou um terreno, na Nazaré, para a instalação do museu e sede da fundação, cuja construção começou em 2002. A obra foi concluída há vários anos, num investimento superior a 2,2 milhões de euros, mas a abertura ao público foi sucessivamente adiada devido a problemas burocráticos, solucionados em 2023, quando arrancaram as primeiras iniciativas no espaço.
*com Agência Lusa