
A OesteCIM realizou no passado dia 13 de março o Oeste Summit, um evento realizado na Feira Internacional de Lisboa (FIL) paralelamente à BTL, dando-se a conhecer como uma região inteligente que lidera a revolução tecnológica ao serviço da modernização das suas políticas em busca de melhores condições de vida para a sua população. O evento, dividido em seis painéis, juntou os presidentes de câmara, dirigentes de entidades nacionais e vários secretários de Estado para debater o futuro, com 2050 no horizonte.
O Oeste Summit reuniu líderes políticos, especialistas em inteligência artificial, académicos e representantes do setor privado, com o objetivo de debater o futuro da região Oeste enquanto Smart Region e traçar o caminho para uma sociedade mais inteligente, inclusiva e sustentável.
O dia começou a discutir-se, justamente, a Governança Inteligente, destacando o poder dos dados para uma tomada de decisão pública mais eficiente. Pedro Folgado, presidente da OesteCIM, sublinhou a importância de capacitar as pessoas para tirar partido da inteligência artificial, sobretudo as que estão em lugares de decisão política. Já Miguel Castro Neto, da Nova Information Management School, reforçou que “nunca tivemos tanta capacidade de recolher e processar dados. Isso permite uma nova governança, onde a informação melhora tanto a gestão diária como as decisões políticas para o futuro”. Manuel Dias, diretor da Microsoft Portugal, disse que a “colaboração entre tecnológicas, academia e setor público é fundamental para políticas públicas mais eficientes”.
É isto que está a acontecer no Oeste, nomeadamente com o programa Smart Regions, com o foco de “melhorar a vida das pessoas”, realçou Paulo Simões, secretário executivo da OesteCIM. “Através da ciência de dados e da inteligência artificial, estamos a criar um modelo de desenvolvimento sustentável. “Com dados reais, conseguimos identificar onde há problemas de sucesso escolar ou desigualdade de género e alocar recursos de forma mais eficiente. Isso é política pública orientada por dados”, sustentou.
Para que se forme uma sociedade Inteligente, a inclusão digital é uma ideia chave, e é necessário garantir que nenhum cidadão fica para trás nesta transição. Mónica Ferro, do Fundo das Nações Unidas para a População, alertou para a exclusão digital de muitas mulheres em países desenvolvidos, enquanto Ricardo Ramos Pinto, do ISP, defendeu que “a educação e a qualificação digital são a chave para reduzir desigualdades e aumentar a produtividade”.
Neste contexto, Vítor Marques, presidente da Câmara das Caldas da Rainha, trouxe um exemplo concreto de como a digitalização pode fazer avançar uma comunidade, com o projeto recentemente lançado do Bairro Comercial Caldas da Rainh@. A estratégia passa por integrar a tecnologia no dia a dia do comércio tradicional, facilitando o acesso aos clientes locais e à diáspora portuguesa. “Com a digitalização, conseguimos alargar horários, melhorar o atendimento e atrair turistas e emigrantes que procuram produtos típicos da nossa região”, afirmou.
Pedro Folgado, presidente da Câmara de Alenquer destacou outras ferramentas, como o Orçamento Participativo Digital e a desmaterialização de processos urbanísticos e outros serviços públicos “que melhoram a qualidade de vida dos cidadãos e evita deslocações desnecessárias”.
Hélder Reis, secretário de Estado do Planeamento e Desenvolvimento Regional, elogiou a colaboração entre os 12 municípios do Oeste na implementação destas políticas, considerando-a “um exemplo nacional de governança inteligente”. O governante realçou que o objetivo da digitalização é “retirar a burocracia, usar toda essa tecnologia, a inteligência artificial, para melhorar a qualidade de vida das pessoas”, mas alertou para a necessidade de manter “equidade”. “Não interessa à minha mãe ter uma aplicação de um hospital que diz que a consulta mudou no dia a seguir, porque ela não tem telemóvel”, disse, alertando para a necessidade de reduzir a iliteracia digital “que ainda é grande no nosso país”.
Hélder Reis disse ainda que a inteligência artificial vai além do apoio aos cidadãos e a sua aplicação já é real, além da administração pública, para a academia e para as empresas.
Ainda sob o tema da Qualidade de Vida Inteligente, Henrique Bertino, presidente da Câmara de Peniche, lembrou que “a segurança é essencial para termos pessoas mais tempo no nosso território”. Sob esse prisma, falou do projeto que está em curso para garantir a vigilância nas praias de Peniche 12 meses por ano e elogiou a aposta de Óbidos na videovigilância. “Estamos a trabalhar nesse dossier e também no da polícia municipal”, afirmou.
Pedro Simões Coelho, Professor Catedrático da Nova IMS, destacou que é importante a existência de um “triângulo virtuoso” entre o poder local, a academia e as empresas. “Foi com essa preocupação que criámos o Laboratório de Políticas Públicas baseado em dados, para transformar conhecimento em algo ao serviço das comunidades”, apontou.
Filipe Daniel, presidente da Câmara de Óbidos, apontou como exemplo desse triângulo o que acontece no Parque Tecnológico de Óbidos para trazer inovação a diferentes setores de atividade, desde a agricultura ao turismo. “O Turismo é um setor no qual nos queremos afirmar cada vez mais como inovadores”, disse o autarca obidense, o que considerou fundamental para “manter uma chancela de grande qualidade”.
O último painel discutiu a mobilidade e teve presença da secretária de Estado da Mobilidade, Cristina Pinto Dias. A governante destacou que, nos dias de hoje, falar de mobilidade é falar de sustentabilidade, inclusão e eficiência energética e a chave para uma mobilidade verdadeiramente inteligente está em “atrair mais pessoas para o transporte público e garantir uma mobilidade descarbonizada, integrada e segura”. Um dos grandes avanços nesta área foi a implementação do Passe Intermunicipal do Oeste, que permite que os cidadãos viajem gratuitamente em toda a região e se desloquem até Lisboa por apenas 40 euros mensais.
Paulo Simões, secretário executivo do OesteCIM, anunciou que, “hoje, temos 860 jovens que antes viviam nos últimos três anos em Lisboa e agora vivem no Oeste, graças ao passe intermunicipal”. A aposta está agora na implementação de transporte flexível a pedido, que permitirá conectar áreas mais isoladas e garantir que todos os cidadãos possam beneficiar do sistema.
Ricardo Fernandes, presidente da Câmara do Bombarral, destacou o “ganho civilizacional” pela implementação do passe M, mas alertou que a mobilidade gratuita pode ter um efeito perverso para municípios mais pequenos, ao incentivar o êxodo para os grandes centros urbanos. Outro problema é a oferta de itinerários. “O passe é gratuito, mas se eu quiser ir do Cadaval para a Lourinhã, não tenho ligação direta. Precisamos de melhorar a oferta de transporte entre os concelhos”, apontou Ricardo Pinteus, presidente da Câmara do Cadaval.
Durante o Oeste Summit, realizado em parceria com a CNN Portugal, foi realizada uma homenagem a Carlos Bernardes, anterior presidente da Câmara de Torres Vedras, falecido em 2021.
