Nas Caldas e no Oeste, a pandemia pode resultar numa oportunidade

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    Dizem os estrategas que para ganhar objectivos e desafios, devemos transformar as ameaças em oportunidades, o que esta grande tragédia que ocorreu em todo o globo, pode e deve significar no nosso mundo mais próximo.
    Diz-se modernamente que devemos ser glocais – o que significa “pensar global e agir local, pensar local e agir global” – não como uma mezinha para curar gripezinhas, mas como decisão estratégica para alcançar objetivos de médio e longo prazos.
    Estas primeiras palavras na véspera do 15 de Maio caldense, mas pensando também em todo o Oeste e mesmo no país, significam que devemos reflectir para encontrar as melhores soluções para os próximos anos, encontrando caminhos que transformem os nossos dias num sentido mais positivo, criando emprego, riqueza, aproveitando recursos endógenos e interagindo com o mundo próximo e longínquo da melhor forma, ou seja, da forma mais sustentável e resiliente.
    A pandemia que nos assaltou nos meses recentes, com origem mais acidental que intencional, segundo os especialistas mais credíveis – que não querem utilizá-la para contrariar os insucessos das decisões atabalhoadas e inconscientes que (não) tiveram no momento oportuno – , mostrou e demonstrou todos os erros e as situações pretensamente inevitáveis, que geram tantas fraquezas no mundo em que vivemos.
    Ver as águas de Veneza límpidas, vislumbrar montanhas que os nevoeiros da poluição impediam ver, como aconteceu com os Himalaias, assistir à descida de animais selvagens às cidades ou às praias, como se viu na Escócia, em Itália, na Austrália, ou na Tailândia, não afastando o caso das Caldas da Rainha em que o fenómeno dos pavões passeando na cidade se tornou ainda mais frequente.
    Mas o que isto pode significar para Caldas da Rainha e para o Oeste? Pensamos que este fenómeno pandémico (que ainda não sabemos quando vai terminar), mas que irá ter provavelmente réplicas mais ou menos graves, ou mesmo quando se descobrir o tratamento e a vacina, poderá regressar com novos e desconhecidos vírus, pode gerar novas oportunidades.
    Um país, que vive ou vivia de um turismo incessante e maciço, especialmente concentrado nos grandes centros populacionais de Lisboa e Porto, vai ser obrigado a novas estratégias de alargamento desta procura, face à necessidade de respeitar os distanciamentos sociais e outras defesas para estas ameaças. Assim, com menos ocupação espacial e com idêntica qualidade monumental e com características climáticas idênticas (ou talvez melhores para quem não procura apenas o calor intenso), parecem o Oeste e também a nossa cidade e concelho, serem destinos alternativos ou simultâneos, com a capital, aproveitando a atratividade de Óbidos e Nazaré, com uma oferta de estadias mais prolongada e não do turismo instantâneo das visitas esporádicas ou de dormidas em hotéis locais apenas para aproveitar o preço mais convidativo fora da capital.
    A própria secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, reconheceu que “quando a situação voltar à nova normalidade”, a estratégia vai passar pelos “territórios de baixa densidade”, acrescentando que “as pessoas vão procurar destinos ligados à natureza, ao ar livre, e viajar em pequenos grupos”, onde nós podemos ser uma boa alternativa, a menos de uma hora do centro que mais atrai estrangeiros.
    Mas, relembramos, sem destruir aquilo que pode fazer a diferença, a qualidade, a autenticidade, a beleza, o património existente e que é uma marca fundamental, onde se encontram recursos reconhecidos internacionalmente – os património da UNESCO e as cidades criativas – e muito do que ainda é desconhecido e que nem nós próprios conhecemos muito bem como verdadeiro património da Humanidade.
    E nas Caldas e no Oeste temos muitos bons exemplos. É preciso é querer descobri-los, preservá-los e vivê-los. Era esta a mensagem que gostaríamos deixar no 15 de Maio de 2020, o ano que daqui a algum tempo vai parecer nunca ter acontecido.

    Nota final – Porque falamos com tanta insistência da designação Oeste, aproveitamos para lembrar que o importante e marcante estudo “A região a oeste da serra dos Candeeiros : estudo económico-agrícola dos concelhos da Alcobaça, Nazaré, Caldas da Rainha, Óbidos e Peniche”, que bem caracterizou a mesma, foi realizado por uma equipa liderada pelo Eng. Lopes Cardoso com Carlos Silva e Alberto Alarcão para a Fundação Gulbenkian há quase sei