Só meia modernização da linha do Oeste

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O optimismo resultante da escolha da linha do Oeste como um dos 30 projectos prioritários para o país não resiste à realidade dos factos – a Refer apenas está a estudar a modernização deste corredor ferroviário até Caldas da Rainha, ficando o troço a norte (o mesmo que o governo já quis encerrar em 2011) à espera de nova oportunidade para a electrificação.
Fonte oficial da Refer confirmou à Gazeta das Caldas que a modernização da linha do Oeste será feita de forma “faseada” e que neste momento só estão em desenvolvimento “os estudos e projectos para a modernização do troço Meleças – Caldas da Rainha”.
Isto significa que só haverá linha electrificada das Caldas para Lisboa o que, em termos de exploração, corta a linha do Oeste em duas: um troço sul com comboios eléctricos e outro a norte com comboios a diesel.
No entanto, a aposta recente da CP foi precisamente no troço Caldas – Coimbra, que é o que ficará à margem da electrificação.
A Refer prevê, no entanto, instalar sinalização electrónica em toda a linha, o que vai permitir desguarnecer as estações que ficarão sem pessoal porque todo controlo de circulação passará a estar centralizado em Lisboa.
Refer e CP não parecem, assim, estar em sintonia no que toca às prioridades para o Oeste. Dados divulgados pela operadora ferroviária mostram que foi acertada a estratégia – defendida por este jornal há várias décadas – de criar comboios directos para Coimbra com ligação à linha do Norte.
Apesar de o ano de 2012 e parte do de 2013 terem sido muito prejudicados pelas greves – o que fez baixar drasticamente a procura na linha do Oeste – nota-se que no último trimestre do ano passado, após a mudança de horários, houve uma melhoria no número de passageiros e nos proveitos da empresa.
Fonte oficial da CP disse à Gazeta das Caldas que “é expectável que a tendência de crescimento se mantenha em 2014”.
Compete agora às autoridades regionais baterem-se para que a linha do Oeste seja integralmente modernizada, até porque, por parte da CP, não faz sentido ficar com uma “ilha” (troço Caldas – Louriçal) de 87 quilómetros não electrificada.
A transportadora pública debate-se com uma dramática falta de material diesel e é do seu interesse uniformizar a exploração da linha do Oeste com comboios eléctricos, cujo consumo é mais económico.

Carlos Cipriano
cc@gazetadascaldas.pt

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