Uma equipa de investigadores do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente do Politécnico de Leiria e do BioISI – Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa acaba de publicar um estudo, na revista científica PLOS ONE, sobre o potencial dos fungos marinhos isolados de diversos substratos marinhos da zona de Peniche como produtores de compostos com interesse dermocosmético.
O estudo surge enquadrado numa linha recente de investigação focada na avaliação dos produtos naturais marinhos produzidos por fungos, dado o reconhecimento destes microorganismos como uma fonte prolífica e promissora de compostos bioativos com diversas aplicações biotecnológicas. «A nossa equipa, composta por investigadores com conhecimento e experiência nas áreas da micologia, biotecnologia e química, integrou esta linha de investigação com o propósito de colmatar a inexistência de estudos desenvolvidos neste domínio em Portugal e contribuir para o conhecimento da diversidade e possíveis propriedades bioativas dos compostos produzidos pelos fungos marinhos isolados de diversos substratos marinhos da zona de Peniche», explica Maria Jorge Campos, investigadora do MARE-IPLeiria e docente da Escola Superior de Turismo e Tecnologia (ESTM) do Politécnico de Leiria.
A investigação teve início em 2018, continuando ainda a decorrer, nomeadamente com o estudo das atividades neuroprotetoras e antimicrobianas dos fungos isolados. No caso do estudo agora publicado na revista científica PLOS ONE, incidiu nos fungos que colonizam internamente uma espécie de alga frequente da costa portuguesa, a Halopteris scoparia, e visou avaliar o potencial destes fungos como produtores de compostos com interesse dermocosmético, dado os poucos estudos realizados nesta área até ao momento.
O estudo envolveu a recolha da alga em dois períodos de tempo e duas praias distintas da zona de Peniche, e o isolamento e identificação molecular dos fungos das amostras recolhidas. Os fungos foram estimulados a produzir os compostos pretendidos, que foram seguidamente extraídos e submetidos a ensaios laboratoriais de avaliação de diversas bioatividades com interesse dermatológico (antioxidante, anti-enzimática, anti-inflamatória, fotoprotetora e antimicrobiana).
«Os resultados deste estudo foram bastante promissores, na medida em que revelaram que a maioria dos oito fungos isolados era produtora de compostos com relevantes atividades biológicas. Estes resultados representam a primeira etapa de bioprospecção e deverão, portanto, ser complementados com ensaios posteriores pela indústria dermocosmética», refere Maria Jorge Campos, acrescentando que os compostos produzidos pelos fungos «poderão potencialmente ser integrados em formulações de diversos produtos cosmecêuticos, como de antienvelhecimento ou anti-acne».
Além de Maria Jorge Campos, os investigadores envolvidos neste estudo foram Maria da Luz Calado, Celso Alves, Joana Silva, Alice Martins e Rui Pedrosa, do MARE – Politécnico de Leiria, e Helena Gaspar, do BioISI.
O estudo pode ser consultado em bit.ly/3fvPtth.