Laborinho Lúcio desafia Alcobaça a criar festa de abertura do ano letivo

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Antigo ministro da Justiça tem-se debruçado sobre o ensino ao longo das últimas décadas

Encontro da Rede Nacional das Cidades de Aprendizagem da Unesco decorreu na cidade

Álvaro Laborinho Lúcio aproveitou a conferência de abertura do I Encontro da Rede Nacional das Cidades de Aprendizagem da Unesco, subordinado ao tema “A aprendizagem ao longo da vida é o futuro das nossas cidades”, que decorreu em Alcobaça, na passada terça-feira, para desafiar a comunidade educativa a organizar, na cidade, uma “grande festa na rua” para assinalar a abertura do ano letivo.
O mês de setembro é, para o antigo ministro da Justiça, sinónimo de um novo ciclo e, por isso, deve ser assinalado “em festa”. “Cada ano letivo é o futuro que se reabre, é uma esperança que temos de colocar no centro do sistema educativo, que são as crianças”, considerou o nazareno, que sugeriu um evento que reúna bandas filarmónicas, espetáculos culturais e provas desportivas com “toda a comunidade em festa”. “No dia em que isso acontecer, essa será uma cidade de aprendizagem”, considerou o magistrado, que nas últimas décadas se tem vindo a debruçar sobre a educação.
Laborinho Lúcio considera que a autonomia de um aluno é “estar aberto à aprendizagem sem complexidade” e sugeriu a realização de tertúlias em locais públicos, nomeadamente em frente ao Mosteiro, para “haver discussão e empoderamento social” em diálogos inter-geracionais.
“A educação é para levar a conhecer e a cultura para ajudar a compreender”, declarou o homem que estudou em Alcobaça e nas Caldas da Rainha, apelando ao “combate à bestialização do quotidiano”. No entender do antigo professor na UAL nas Caldas da Rainha, são os municípios que devem estar “na cabeça da comunidade educativa”, pelo que recomenda um maior envolvimento dos municípios nestas matérias.
No arranque dos trabalhos do evento, que decorreu no Cine-teatro João d’Oliva Monteiro, a secretária executiva da Comissão Nacional da Unesco sublinhou que a rede das cidades de aprendizagem, que reúne 294 membros de 103 países, é “muito recente”. “Mas temos procurado levar a cabo um intercâmbio de boas práticas, troca de soluções e de partilhas”, salientou Rita Brasil de Brito. No nosso país, há 15 municípios envolvidos.

A relevância de Alcobaça
Na cerimónia de abertura, Ana Pagará fez questão de frisar que “a questão da aprendizagem faz parte da identidade do Mosteiro e da cidade que nasceu e cresceu à volta do Mosteiro”. A diretora do monumento aludiu à aprendizagem dos monges da ordem de Cister, notando que os espaços do Mosteiro “convidam à reflexão e introspeção”.
“Temos grande responsabilidade nas mensagens que passamos às gerações atuais e futuras, nomeadamente no que diz respeito às alterações climáticas”, salientou a representante da Direção-Geral do Património Cultural, que se mostra “disponível para continuar o trabalho conjunto na aprendizagem com universidades e polos científicos. “A educação está no cerne da atividade de gestão do Mosteiro”, reiterou Ana Pagará.
Do lado da Câmara, o presidente Hermínio Rodrigues deixou uma mensagem, lembrando que foi precisamente no Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça que, “a 11 de janeiro de 1269, se realizou a primeira aula pública do país”. “Trata-se de um inegável marco histórico que demonstra o espírito inovador deste território”, acrescenta o autarca.
Visão partilhada pela vereadora da Cultura, que recordou que o município aderiu à Rede Nacional das Cidades de Aprendizagem da Unesco em 2019, por proposta feita pela professora Anabela Luís, do Centro Qualifica Cister. Inês Silva olha para a educação “como vetor de felicidade do território”.