Migrantes de 12 países partilharam gastronomia e cultura

0
296
Dezenas de migrantes residentes nas Caldas aderiram à iniciativa do CLAIM
- publicidade -

Iniciativa “O pão nosso de cada terra”, pretende promover o diálogo intercultural e vai ter continuidade em dezembro

Brasil, Israel, S. Tomé e Príncipe, Reino Unido, Ucrânia, Colômbia, Guiné Bissau, França, Roménia, Venezuela, África do Sul e Angola. Estes foram os países que estiveram representados, através dos seus migrantes a residir no concelho, com uma rica oferta gastronómica, no primeiro “O pão nosso de cada terra – uma viagem pelos sabores”, que decorreu no Céu de Vidro, na tarde de 19 de outubro. Pratos e, sobretudo, muitos doces tradicionais de cada um dos países representados foram explicados e depois partilhados entre as dezenas de participantes. A acompanhar houve música, interpretada por artistas da Ucrânia e do Brasil, e uma mostra de arte.
A iniciativa, organizada pelo Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM) do município caldense, pretendeu promover a “multiculturalidade a nível local como meio de desenvolvimento de valores e de movimentos de interação positiva”. Uma ideia já com algum tempo, que tem sido difícil de concretizar, tendo em conta que muitas das comunidades estrangeiras residentes no concelho não possuem associações ou interlocutores, explicou a vereadora com o pelouro da Ação Social, Conceição Henriques. “Temos de identificar um elemento na comunidade, que seja reconhecido por todos para fazer esta ponte”, explicou a autarca, que pretende ver aprofundada a relação com as comunidades migrantes a residir no concelho. Outro dos objetivos da iniciativa é o de combater o preconceito para com estes cidadãos.

De acordo com os dados do portal de estatística do SEF e dos CENSOS, em 2022 residiam nas Caldas 4755 cidadãos estrangeiros, ou seja, 9.1% da população do concelho. Em 2023, 6572 cidadãos e presume-se que já este ano este número tenha aumentado. Estes dados são relativos a cidadãos com título de residência ou visto de longa duração, aos quais acrescem os cidadãos que se encontram em processo de regularização (processos fora da competência do município). No âmbito do trabalho desenvolvido pelo CLAIM, desde janeiro de 2024, já foram efetuados 641 atendimentos, por três técnicas afetas ao serviço. Estas populações recorrem aos serviços para, maioritariamente, tratarem de situações referentes à sua permanência em território nacional, nomeadamente para manifestações de interesse, submissão de CPLP, renovação de títulos de residência, reagrupamentos familiares, registos de menores, entre outros. Solicitam, ainda, apoio alimentar e apoio ao nível habitacional.

- publicidade -

A dificuldade da habitação
Nas Caldas, o CLAIM para além de ser um posto de informação e orientação também faz uma intervenção social integrada, ou seja, as duas técnicas afetas ao serviço, estão vocacionadas para efetuar o acompanhamento social à população migrante. Do total de 2140 processos familiares em acompanhamento pelo Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social (SAAS), 22.9% são compostos por cidadãos estrangeiros. A nacionalidade brasileira é a que mais se evidencia, seguindo-se a angolana e a guineense. Os serviços acompanham, ainda, cidadãos provenientes da Venezuela, Índia, Timor-Leste, Guiné-Bissau, Senegal, Colômbia, entre outros.
De acordo com a vereadora Conceição Henriques, as principais dificuldades com que se depara a população migrante é a habitação. As rendas elevadas levam a que “muitas famílias encontrem soluções de excesso de pessoas na mesma casa e leva a que algumas vivam em condições que não são dignas”, reconheceu a autarca, fazendo notar que a autarquia tem um “escopo de ação muito limitado” nesta matéria. ■

- publicidade -