Empreendedorismo pode trazer novas oportunidades às cidades e às regiões do país

0
647
Notícias das Caldas
Paulo Soeiro falou sobre a sua experiência como director de Economia e Inovação da Câmara de Lisboa | N.N.
Notícias das Caldas
A italiana Cláudia Casali considera que Faenza e Caldas podem ser cidades parceiras | N.N.

 

 

 

 

 

 

As Caldas da Rainha é vista no exterior como uma cidade com atractivos para participar em redes nacionais e internacionais. Isso mesmo vieram dizer um empreendedor e uma agente cultural, que estiveram na cidade nos dias 1 e 2 de Março, tendo contactado com várias entidades locais.

Em 2016 Lisboa foi palco do maior evento internacional de empreendedorismo, tecnologia e inovação: o Web Summit. Paulo Soeiro, director de Economia e Inovação da Câmara de Lisboa, afirmou que este mega-encontro tem a sua realização garantida para, pelo menos, mais três anos. Mas para se chegar a esta realização “é preciso conhecer todo o trabalho, iniciado em 2011”, disse o convidado a uma plateia de 30 alunos e docentes da ESAD. Nesse ano, a autarquia lisboeta (então liderada pelo actual primeiro ministro António Costa) delineou uma estratégia destinada a “transformar a capital numa das mais competitivas e inovadoras cidades da Europa”.

A ideia despertava “sorrisos irónicos” nos rostos de muitas plateias europeias que a achavam “impossível”, dado o contexto de crise económica que Portugal tem atravessado desde 2008. Aos poucos, foram dados passos consistentes que permitiram que o empreendedorismo ganhasse raízes. “A primeira incubadora de start-ups surgiu de um projecto vencedor do orçamento participativo”, disse Paulo Soeiro, explicando que a autarquia ligou em rede as empresas incubadoras (muitas ligadas a universidades). A capital portuguesa tem em vigor vários projectos que lhe permitem ter o estatuto de Start Up City, desde o “Empresa na hora” (que permite a criação em tempo recorde), a “Startup Lisboa”, uma incubadora de empresas, fundada em 2012 e que tem associado um projecto de reabilitação urbana da Baixa alfacinha ou o Programa de Empreendedorismo Jovem.
“Hoje há uma combinação de tudo isto, o que permitiu o aparecimento de investidores e do capital de risco e hubs criativos”, afirmou Paulo Soeiro. A aposta no empreendedorismo distinguiu Lisboa, com o galardão “Região Empreendedora Europeia 2015”. Nestes últimos anos, afirmou o convidado, foram criadas “700 novas empresas e cerca de 5000 novos postos de trabalhos”. Segundo o director, Lisboa vai continuar a crescer e a apostar na robótica. Em breve, nalguns espaços públicos, o cidadão poderá experimentar carros e robots. “Hoje Lisboa já compete com Londres, Milão ou Telavive”, afirmou o responsável.

Caldas, Sines e Évora numa só região

Paulo Soeiro informou que está a ser desenvolvido um estudo, promovido pela Gulbenkian, que pretende criar regiões funcionais que ultrapassam a metrópole. Uma destas inclui Lisboa e abrange Caldas da Rainha, Leiria, Sines e Évora. “Essa escala vai permitir-nos ser visíveis a nível global”, disse o convidado, acrescentando que o desenvolvimento não tem sido possível por “estarmos limitados por fronteiras administrativas dos nossos territórios”. Este estudo, que já está a ser transposto para uma plataforma, vai ter o apoio da autarquia de Lisboa, de fundações portuguesas e internacionais.

“Faria sentido aliar Caldas e Faenza”

Caldas da Rainha foi uma das 100 cidades onde, a 2 de Março, se celebrou o Dia do Design Italiano no Mundo. Nesse dia, Cláudia Casali, directora do Museu Internacional da Cerâmica de Faenza, esteve no Museu Malhoa a divulgar a cultura e o design do seu país.
A convidada propôs que fossem feitos intercâmbios entre Faenza e Caldas da Rainha porque as duas cidades têm uma série de similitudes e interesses em comum. “Ambas têm a cerâmica na sua matriz, promovem residências artísticas e estão em permanente contacto com artistas de todo o mundo”, disse Cláudia Casali, referindo-se ao Simpósio de Escultura em Pedra, que conheceu no Centro de Artes. O intercâmbio poderia iniciar-se com a troca de alunos, professores e autores entre os centros cerâmicos italiano e caldense e “juntos, poderiam trabalhar e renovar as tradições cerâmicas”, disse a responsável. Esta espera que este intercâmbio possa ser útil para que a representação lusa no Museu Internacional possa ser melhorada, dado que existem “poucas peças de Portugal”.

A directora, deu a conhecer o evento bienal de Faenza que o museu organiza – o Árgila – e que reúne mais de 200 ceramistas europeus. “Na próxima edição espero contar com mais ceramistas portugueses”, afirmou. Cláudia Casali conheceu várias entidades caldenses – desde os museus, à ESAD e os ateliers municipais- e, tal como em Faenza, “agora é preciso ligar tudo, promovendo as relações entre as instituições”, disse.
Presente no evento esteve Luísa Violo, directora do Instituto Italiano de Cultura de Lisboa, que já tinha visitado as Caldas. “É uma cidade cultural, muito parecida com Faenza”, disse a responsável pela vinda do Dia do Design Italiano e que destacou os museus de Cerâmica e o Malhoa, sobretudo pela ligação dos espaços à natureza.
“As Caldas é com certeza uma cidade turística” e como tal, Luísa Violo, considera que “urge” melhorar a ligação com Lisboa. “É preciso facilitar as viagens de comboio. Afinal, estamos tão perto, não é? Seria bom para todos”, rematou Luísa Violo que quer continuar esta ligação “italo-caldense” com a realização de mais eventos, no próximo ano.