Também a Praça da Criatividade e as nascentes do Olho Marinho serão cenário para as quatro apresentações desta edição, que decorre de 6 a 15 de setembro
Durante a invasão napoleónica do Tirol, um soldado do 21º Regimento, que ali está estacionado, encontra uma bebé abandonada no campo de batalha e que passará a ser a “filha” de todos aqueles soldados: a Filha do Regimento. A ópera cómica em dois atos de Gaetano Donizetti, será a grande produção deste ano do Festival de Ópera de Óbidos (FOO), que se faz acompanhar da ópera -tango María de Buenos Aires, de A. Piazzolla; O Último Canto – Camões e o Destino, de C. Viana e uma gala de ópera dedicada a Puccini.
Os ensaios terão início na próxima segunda-feira, depois de meses de preparação e a que se seguirão quatro semanas intensivas de trabalho para montar o espetáculo. “Estamos a criar algo de raiz, algo que faça sentido para este festival de Ópera de Óbidos”, referiu Jorge Balça, o encenador da ópera A Filha do Regimento, durante a conferência de imprensa de apresentação do FOO, que decorreu a 12 de agosto no Convento de S. Miguel, nas Gaeiras.
O encenador destacou que esta é uma ópera que requer bastante de todos os intervenientes e que, para protagonista precisavam de uma “artista com elegância vocal, e também com disponibilidade para, com um lado teatral, fazer-nos apaixonar por ela”. A escolha recaiu em Beatriz Maia, para quem é um “privilégio” e também um “sonho” antigo interpretar Marie. Por outro lado, é um “desafio enorme, ao nível vocal, físico e emocional, pois “vai ao extremo da comédia e do dramatismo”, explicou.
O antigo convento franciscano, além de acolher A Filha do Regimento, a 13 e 15 de setembro, será também cenário para O Último Canto – Camões e o Destino (que assinala os 500 anos de Camões), a 7 de setembro.
A ópera María de Buenos Aires será apresentada na Praça da Criatividade, nos dias 6 e 8 de setembro e, a 14 de setembro, a Gala da Ópera fará uma homenagem a Puccini no centenário da sua morte, com a apresentação de excertos de óperas como “La Bohème”, “Tosca” e “Madama Butterfly”, junto às nascentes do Olho Marinho.
Depois de inativo durante mais de uma década, o FOO regressou o ano passado através de uma parceria entre a ABA – Banda de Alcobaça Associação de Artes e o município de Óbidos. Resultado de uma candidatura à DG Artes, envolve um investimento, a quatro anos, superior a um milhão de euros, representando cerca de 330 mil euros de investimento, por ano, 80 mil euros dos quais do município obidense.
Com mais de 2500 espetadores nas oito apresentações que decorreram o ano passado, o festival “visa a atração de um público mais específico e diferenciado, sempre com uma perspetiva de levar a cultura ao território e à comunidade, referiu o presidente da Câmara, Filipe Daniel. O autarca considera que o evento já é uma referência a nível nacional e que esperam que possa tornar-se uma “referência a nível internacional”. Rui Morais, presidente da ABA, Banda de Alcobaça Associação de Artes, destacou importância de trabalhar o festival a médio prazo. “A ópera é um espetáculo total, precisa de tempo para se afirmar”, disse, elencando três características que sustentam o festival: estabilidade, versatilidade e qualidade.
A temática do feminino, que é um dos temas centrais do projeto, a quatro anos, foi destacada pelo coordenador executivo do festival, José Rafael Rodrigues, que também deu nota do desafio que foi, para a ABA, fazer ópera.
O preço dos bilhetes, que já estão à venda, varia entre os 12 e os 35 euros, consoante os espetáculos. ■