O coletivo Lume está em exposição no centro da cidade. Novos autores, que partilham espaço nos Silos, surpreendem pelo talento e arrojo
Os seis elementos do Coletivo Lume marcaram presença na inauguração da exposição, a 5 de agosto na Loja do Sr. Jacinto. O convite surgiu da responsável pelo espaço, Cláudia Henriques que tomou contacto com o trabalho cerâmico do grupo na Mostra Mercado, evento que decorreu em junho, no Parque.
Carlos Mestre, 26 anos, é do Algarve e há sete anos que veio estudar para a ESAD.CR tendo tirado o curso de Design Industrial. Complementou conhecimentos no Cencal com a formação em Cerâmica Criativa. “O meu trabalho é feito à roda e para a decoração prefiro tons ligados à praia e às marés”, especificou.
Por seu lado, Pedro Lobo, 25 anos, de Minde, veio para as Caldas estudar Design Industrial tendo prosseguido para mestrado em Design de Produto. As peças que apresenta resultam da sua pesquisa académica “Kinky Ceramics” onde conjuga a tradição da olaria com a abordagem a temas tabus relacionados com a sexualidade.
Sofia Venâncio veio para as Caldas em 2012 para estudar Design Industrial, passou pelo Cencal e pelo Ar.co em Almada. Regressou para fazer o mestrado em Design de Produto e complementou percurso com trabalho de atelier. “As minhas peças de cerâmica inspiram-se em jogos e nas grelhas de tabuleiros de jogo ou regras de movimentação de esferas”, contou a autora.
Já Diogo Cardoso (Dolca) veio para as Caldas tirar o mestrado de Design de Produto, curso que tirou também no Brasil.
Dedicou-se a estudar os Açores pois fazem parte do seu percurso e alia nas suas obras elementos tradicionais e contemporâneos. Margarida Martins, 26 anos é de Lisboa veio em 2015 estudar na ESAD Cerâmica e Vidro e trabalhou em ateliers nas Caldas e em Lisboa.
A criadora da marca de cerâmica Mamoma sentiu a necessidade de voltar a estudar e está a tirar mestrado em Artes Plásticas.
Além das suas peças de cerâmicas “uso na minha pintura as mesmas matérias da cerâmica”, referiu.
André Silva (Tauxungo) veio de Coimbra em 2015 para estudar Design de Produto e há um ano terminou o seu mestrado. Junta o mundo da cerâmica ao da ilustração e nas suas peças “coloco em causa o conceito de masculinidade”. Isto é, cria personagens onde explora o conceito juntando alguns elementos agressivos a flores com tons coloridos.
Todos dividem espaço nos Silos e apoiam-se pois têm linguagens diferenciadas. Pedro Lobo esteve a representar o coletivo Lume em Barcelos e o arrojo e novidade das peças do grupo “fizeram sucesso pelo contraste com o figurado tradicional”. Cláudia Henriques, a anfitriã da Loja do Sr Jacinto, considera que “a cidade merece conhecer o trabalho destes jovens que é muito sustentado e que revela estudo e pesquisa por parte dos autores”.
A responsável destacou que cada um dos artistas tem uma linha de trabalho diferente e que funcionam muito bem em grupo. “Só prova que há muito bom trabalho a ser criado nas Caldas”, rematou. Mostra a não perder, patente até ao final de agosto. ■