
Peça será interpretada pelo Vórtice Dance Company e pela Temporada Darcos a 29 de janeiro no CCC onde decorreu a residência artística
É uma das mais famosas peças de Stravinsky que vai ser interpretada, em estreia nacional, nas Caldas, a 29 de janeiro, pelas 21h00, no CCC. Serão 11 os bailarinos da Vórtice Dance Company que vão estar no palco do grande auditório a dar corpo à Sagração da Primavera”, espetáculo onde vão participar músicos da Temporada Darcos, liderados pelo compositor Nuno Côrte-Real.
A dança, tem assinatura dos coreógrafos Cláudia Martins e Rafael Carriço, que propõem uma nova abordagem à obra de Stravinsky, feita com recurso às novas tecnologias que permitem unir as linguagens da dança, a videografia, o vídeo mapping e a música.
“Será uma experiência sensorial que o público não pode perder!”, garantiu Cláudia Martins, a co-criadora da coreografia que está a ser ensaiada pelo grupo em residência artística no CCC.
Nesta interpretação, os bailarinos ritualizam os medos, as vontades, os desejos e os corpos, num jogo de luz, dança, música e imagem.
O bailado conta a história de um ritual pagão que inclui o sacrifício de uma jovem ao Deus da Primavera. Esta parte mais “negra” do enredo será interpretada pelos bailarinos. Ao invés, as imagens de vídeo que serão projetadas, “recordam que a morte e o sacrifício conduzem a uma nova vida, à fertilidade e às boas colheitas”, referiu a coreógrafa à Gazeta das Caldas.
Cláudia Martins salientou ainda que o Vórtice Dance Company já realizou vários projetos em residência artística nas Caldas da Rainha.
Um deles foi o projeto “Home 2.0” e um outro designado“Dançantes” que resultou num espetáculo em que o Vórtice trabalhou com os ranchos folclóricos do concelho caldense. A atuação assinalou a primeira década do CCC.
“No meio do covid estamos a conseguir controlar tudo para que nada falhe na conceção e na cenografia”, disse Cláudia Martins. “Temos sido todos uns guerreiros ao conseguir levar o espetáculo para a frente”, contou a responsável. Para a bailarina e coreógrafa, estruturas como o centro cultural “deveriam também servir para os artistas explorarem e ver as suas produções ser experimentadas”. Equipamentos culturais das cidades devem servir “não só para a circulação de espetáculos como também para a sua criação”, rematou.
Caldas, Torres e depois Lisboa
A conhecida obra musical de Stravinsky será interpretada ao vivo pela Orquestra do Atlântico que conta com direção musical de Nuno Côrte-Real.
Interpretar esta obra é um verdadeiro desafio “e estamos contentes em levar esta versão avante com o Vórtice Dance Company”, disse o maestro à Gazeta das Caldas,
Nuno Côrte-Real vai dirigir 55 músicos que darão o mote e trazer ao CCC as melodias do compositor que é uma das mais importantes referências do mundo composição para o maestro.
“A sua música é milimétrica, e ritmicamente muito poderosa”, contou o maestro que gosta dos desafios que são interpretar qualquer uma das obras deste compositor que admira.
Na sua opinião, as obras de Stravinsky têm sempre um efeito positivo nas pessoas e nesse sentido, a “Sagração da Primavera” é um “verdadeiro portento!” e é também o mais abstrato dos bailados daquele compositor russo. Como tal, este permite alguma liberdade de criação aos coreógrafos ao passo que outros como “O Pássaro de Fogo” · ou o “Petrushka” “são mais dramáticos e não dão tanto espaço para diferentes interpretações coreográfica”.
Desta vez a residência artística no CCC esteve mais ligada ao VórticeDance Company pois a orquestra basta-lhe ensaiar durante duas horas antes do espetáculo para afinar últimos detalhes.
Já os bailarinos, a coreografia e o aliar da dança com a imagens de vídeo necessita de mais tempo de preparação e ensaio.
Para Nuno Côrte-Real cada vez mais as parcerias e as colaborações são fundamentais.
“Cada vez mais a cooperação entre instituições, salas e até entre países devem ser alimentadas”, explicou o maestro da Temporada Darcos que tem desenvolvido trabalhos com o CCC. Nas sua opinião, no universo da Cultura, é preciso apostar ao máximo nas co-produções que trazem sempre um ganho geral para todos”, rematou o maestro.