Aos 36 anos, o ferrelense já soma uma carreira de 15 anos como treinador, com passagem em alguns dos principais clubes portugueses. Com objectivos para realizar ao lado de Luís Castro, não pensa para já tornar-se técnico principal, mas admite que já teve convites
Vítor Severino é de Ferrel mas partiu jovem atrás do objectivo de ser profissional de futebol. No passado sábado sagrou-se campeão da Ucrânia, como treinador-adjunto principal de Luís Castro.
B.I.
Nome
Vítor José Santos Severino
Data de nascimento
16/08/1983
Naturalidade
Ferrel
Clubes
Académica de Coimbra, FC Porto, Rio Ave, Chaves, V. Guimarães e Shakhtar Donetsk
Gazeta das Caldas (GC): É um treinador jovem, mas já com muita experiência. Qual foi o seu percurso até aqui?
Vítor Severino (VS): Comecei a jogar no Peniche e recordo-me particularmente de uma temporada que fomos à segunda fase do Nacional de Iniciados, numa época em que o Caldas tinha uma equipa muito forte. Depois fui para o Atouguiense, mas percebi que não iria muito longe e direccionei-me para o treino. Formei-me em ciências do desporto e entrei como estagiário na Académica. Fiquei nove épocas e cheguei a coordenador da formação. Entretanto conheci o Luís Castro numa formação, demo-nos bem e trocámos contactos. Mais tarde ele convidou-me para o FC Porto. O convite coincidiu com a chamado do Luís Castro à equipa principal do FC Porto e eu fiquei na equipa B, com o José Guilherme. Também treinei os Sub-15 e fui adjunto do António Folha nos Sub-19. Na época 2016/17 o Luís Castro convidou-me para integrar o projecto dele no Rio Ave. Temos trabalhado juntos desde então.
GC: Como foi esta primeira experiência no estrangeiro?
VS: A nível competitivo a liga da Ucrânia é idêntica à portuguesa e apesar de ser um clube com muita dimensão aqui, trazia a experiência do FC Porto. Correu bem, somos campeões. Já tinha títulos na formação do FC Porto, mas tem um sabor diferente ganhar num projecto em que há a exigência de ganhar. A adaptação a um país que tem uma língua, uma cultura e até um alfabeto diferente do nosso não foi fácil, mas o clube ajuda muito a esse nível.
GC: Ainda há objectivos a atingir?
VS: Sim. Ainda faltam disputar quatro jornadas e, mesmo já sendo campeões, o Shakhtar é um clube que tem uma ideia de jogo, não quer só ganhar, quer fazê-lo a jogar bom futebol e é isso que temos que assegurar até ao fim. Estamos nos oitavos da Liga Europa com um jogo por disputar. Estamos em vantagem e queremos estar nos quarto-de-final. Vamos ter que nos preparar para disputar essa fase.
GC: Esta é uma época atípica.
VS: Sim. Aqui temos pausa de Inverno e desde então já fizemos duas pré-épocas e ainda temos que fazer outra para retomar a fase final da Liga Europa. Nessa altura já estaremos a preparar o campeonato da próxima época, que também começa em Agosto.
GC: Em termos de envolvência, é diferente o futebol na Ucrânia?
VS: Sim. O nosso primeiro jogo foi logo um derby com o Dínamo de Kiev, com 50 mil pessoas na bancada. No final do jogo a equipa não sai junta no autocarro, cada um segue o seu destino. Apesar do Shakhtar ser de Donetsk, está a jogar em Kiev, por causa do conflito. Então, no fim do jogo, perguntei como fazia para ir para casa, se tinha que esperar, ou chamar um táxi. Eles acharam estranho e disseram que não, podia sair à vontade. Quando saí do estádio fui logo abordado por adeptos do Dínamo para tirar fotografias e assinar camisolas. Nessa parte o futebol aqui é muito diferente do português.
GC: O futuro próximo é no Shakhtar?
VS: Sim, já estamos a preparar a próxima época, que começa em Agosto. O clube tem um projecto bastante interessante, além dos objectivos desportivos é um clube que investe muito, mas sobretudo em jovens para potenciar. É um clube com potencial para crescer.
GC: E a longo prazo, tem objectivo de ser treinador principal?
VS: Muita gente me faz essa pergunta mas não penso muito nisso. Já tive dois convites de clubes da 1ª Liga, é algo que me honra bastante, mas nesta altura estou bem a fazer o que faço. É algo que é provável que venha a acontecer no futuro, mas acontecerá de forma natural, para já não tenho isso como um objectivo.
GC: Ainda acompanha o futebol da região?
VS: Sim. Gosto de saber como estão os clubes onde joguei e acompanho o Caldas, onde joga o meu primo Guilherme Lourenço. É onde tenho as minhas raízes, e sou muito grato pelo reconhecimento. Recebo muitas mensagens das pessoas da minha terra, o que me dá estímulo.